quarta-feira, 14 de abril de 2010



14 de abril de 2010 | N° 16305
PAULO SANT’ANA


Gente para a polícia

Foram lançados na praça 3,5 mil novos PMs para o policiamento ostensivo em todo o Estado, entre 700 e mil somente para Porto Alegre.

A Brigada Militar vê-se assim aparelhada para enfrentar a dura missão de policiar as ruas.

São 3,5 mil PMs, não são poucos, dotados pelo governo para tornar mais eficiente o policiamento ostensivo.

E agora que foram satisfeitos, na medida do possível, todos os pleitos salariais dos servidores estaduais, numa estafante tarefa da governadora Yeda Crusius, falta apenas uma providência: começar o combate ao sucateamento da Polícia Civil.

Os inquéritos se avolumam nas delegacias. Somente na 17ª Delegacia da Capital (Centro), 69 mil inquéritos estão parados, à espera de investigações ou diligências.

Não pode funcionar a segurança pública com os inquéritos empilhados na Polícia Civil, de nada adianta equipar, elogiosamente, a Polícia Militar e tudo parar e desmoronar na Polícia Civil, que não tem meios, principalmente recursos pessoais, para resolvê-los.

Cumpre que a governadora agora mande abrir os concursos para agentes da Polícia Civil e com isso venha a desatar o nó górdio da segurança pública.

Sem a Polícia Civil aparelhada, tudo se resigna ao caos.

É urgente a medida de se dotar a Polícia Civil de quadros que satisfaçam à imensa demanda criminal.

A respeito do aborto: “Caro Paulo Sant’Ana. Relato-te dois casos, um conhecido através da imprensa cerca de 20 anos atrás e outro ocorrido numa família de amigos há 17 anos e que acompanho ainda hoje.

Primeiro caso: Cedinho numa manhã fria, uma formosa senhora, viúva de 36 anos de idade, é atacada a caminho do trabalho e estuprada por um desconhecido. Após desvencilhar-se do agressor, denunciou na polícia e foi a um hospital para fazer o exame de corpo de delito.

O indesejável aconteceu, a senhora engravidou. Com o laudo do delito em mãos, solicitou à Justiça o direito de aborto, o que lhe foi concedido. Antes teve uma conversa com o casal de filhos adolescentes, de 15 e 16 anos: ‘Vocês foram produto do desejo nosso, do amor entre mim e o pai de vocês, por isso eu os amo, são meus filhos queridos. Querem vocês um irmão ou irmã produto da violência de um louco desconhecido?´.

Os irmãos concordaram com que a mãe realizasse o aborto. Aquela família não seria mais a mesma com um intruso indesejado.

Segundo caso (com nomes trocados): Minha amiga Zilá tem uma filha com pequenos problemas mentais, de coordenação motora e de fala quase incompreensível. Por isso, Catarina não conseguiu estudar, mas ajudava nas lides da casa.

Por ser uma mulher desengonçada e sem atrativos, também não conseguia ter um namorado. Virgem ainda aos 25 anos, numa tarde de 1993 foi ao armazém e no caminho foi arrastada para uma capoeira e estuprada.

Retornou suja e ensanguentada para casa e mal conseguia explicar o que lhe acontecera. Terminou mostrando para a mãe o órgão sexual e daí ela concluiu que foi um estupro. O estuprador foi identificado, era um maluco conhecido. Não fizeram registro policial e exame de corpo de delito. Catarina engravidou. A família decidiu que o filho seria aceito porque de outra forma dificilmente Catarina iria ser mãe.

Eu acompanhei o crescimento de Nair, uma bela menina aceita e amada por todos. Hoje com 16 anos, Nair está concluindo o segundo grau. Seguramente Nair, o produto de um estupro, será o amparo que Catarina precisará e terá quando chegar a velhice. São as leis da vida.

Caro Paulo, tire tuas conclusões, (as.) Ivo Wenclaski”.

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