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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
04 de fevereiro de 2010 | N° 16236
L. F. VERISSIMO
Ser italiano
Federico Fellini escolheu Marcelo Mastroianni como seu avatar no cinema. Fizeram vários filmes juntos, inclusive os mais abertamente autobiográficos, como Oito e meio. Já Woody Allen foi mais modesto quando fez sua versão de Oito e meio (Stardust Memories). Escolheu Woody Allen para o papel de Woody Allen como o diretor de cinema em crise. Cada narciso se vê de um jeito.
Quando transformaram Oito e meio no musical Nine, na Broadway, Raul Julia fez o papel de Fellini/Mastroianni com grande competência. Não houve nenhuma preocupação que Daniel Day-Lewis se parecesse com Mastroianni ou Fellini na versão de Nine para o cinema, mas Day-Lewis não obedece nem à principal recomendação cantada no filme: seja italiano. Ninguém menos italiano do que o taciturno Daniel.
No filme original, que é um filme sobre a sua própria impossibilidade (uma versão do conhecido velho truque de cronistas: na falta de assunto, escreva sobre a falta de assunto), as dúvidas e as angústias do diretor fazem parte do espetáculo de Fellini se autoflagelando com algodão doce.
Nunca uma crise existencial foi tão fotogênica, nunca o desespero foi tão simpático. Daniel Day-Lewis não pegou o espírito da coisa e sofre de verdade. É preciso ser italiano.
Todas as críticas ao filme são merecidas, mas se faz uma injustiça com o compositor Maury Yeston, que ninguém menciona ou só menciona pra malhar. Yeston é um dos melhores compositores da Broadway, apesar de uma produção limitada. Conseguiu fazer um musical excelente de Titanic (antes do filme).
Não ajuda a apreciação do seu trabalho o fato de os três melhores números de Nine, a peça, terem sido cortados em Nine, o filme. E as músicas feitas pelo próprio (suponho) Yeston para substituir as cortadas serem tão ruins – por mais que se agradeça a oportunidade de ver a Kate Hudson rebolando.
Espera-se que Yeston tenha a oportunidade de mostrar seu talento em outro filme. Talvez um que trate da feitura de Nine no cinema. Afinal, depois de Titanic, ele está pronto para musicar qualquer desastre.
RECOMENDO
Recomendo a quem não leu o texto publicado por Marcelo Rubens Paiva no Estadão de sábado passado, na forma de uma carta aos militares. Ali está dito tudo que precisava ser dito sobre a questão dos desaparecidos durante a repressão e do direito da nação à verdade sobre aqueles tempos. Por alguém com toda a razão para ser revanchista, mas que prefere um sereno apelo à grandeza.
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