quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010



03 de fevereiro de 2010 | N° 16235
PAULO SANT’ANA


Luz no fim do túnel

Surge uma luz no fim do túnel. Uma comissão gaúcha composta de integrantes da Justiça, do Ministério Público e do Executivo foi visitar na Inglaterra e na Espanha presídios administrados pela iniciativa privada e ficou maravilhada.

Chegou a ver presídios com carcereiros internos e externos desarmados, a higiene mais completa, os presos trabalhando e estudando.

Já não resta mais dúvida de que a solução para o nosso explosivo sistema penitenciário são as parcerias público-privadas.

O sistema penitenciário público faliu e fracassou.

Ao que parece, vamos construir o presídio de Canoas, com capacidade de três módulos para 3 mil presos, seguindo essa filosofia.

Abaixo a irracional oposição a que a iniciativa privada administre os presídios.

Folgo em saber que a sociedade enfim se volta para a questão, depois de um século de letargia.

Examinem como está no rumo certo este estudante de Filosofia: “Prezado Paulo Sant’Ana. Interessantes as discussões dos últimos dias na mídia em geral e também nas rodas de conversa sobre o sistema prisional do RS.

O governo joga no ventilador a ideia de que é necessária com urgência a construção de novos presídios. No que eu também concordo, o nosso Central, para não citar outros, é um depósito de resíduos humanos, para não dizer outra coisa.

Prefeitos de várias cidades do Estado, com exceção, faça-se justiça, do de Canoas, não querem nem ouvir falar na ideia de construção de presídios em seus municípios, óbvio que com a intenção de não manchar o seu curral eleitoral.

Será que precisamos, em pleno século 21, na plena maioridade do nosso Brasil, ser obrigados ainda a manter homens e mulheres, pais e mães, cidadãos de um modo geral, trancafiados em uma cela entre três paredes e uma grade? Vivemos a era da mais alta tecnologia, do homem habitante de estações espaciais, planejando ir a Marte. Combatemos doenças das mais diversas.

Construímos grandes obras que espantariam os antigos egípcios, túneis de trem que passam por baixo do mar. Bombas inteligentes que podem acertar do espaço o buraco de uma fechadura. Educamos gênios da estratégia de marketing e finanças para dirigirem grandes corporações e comandarem milhares de vidas. Será que não somos inteligentes o suficiente para criarmos uma alternativa ao sistema carcerário depois de todos os exemplos aqui citados?

O ser humano é um ser social, necessita de conhecimento, necessita progredir e, para progredir, necessita trabalhar. Aqueles que não seguirem as leis e os padrões ditados pela sociedade devem ser advertidos e posteriormente punidos, disto não há dúvida, mas não pode deixar de aprender e trabalhar.

Trabalhar para o seu próprio progresso e para o progresso do bem comum. Vamos criar alternativas de trabalho para esses homens e mulheres de nossa sociedade que cometerem delitos. Em vez de presídios, vamos construir salas de aula para educá-los, antes tarde do que nunca.

Vamos construir fábricas de lixo reciclável, fazer trabalhos comunitários em localidades pobres. Construir fábricas de materiais de construção do governo para a aquisição de futuras casas e posterior redução do déficit habitacional deste país.

Vamos cuidar dos nossos presos educando-os e colocando-os para trabalhar, cada dia de trabalho árduo, um dia a menos na pena. Vamos destruir todos os presídios e em seus lugares construir monumentos de lembrança para a posteridade de como éramos bárbaros quando lidávamos com nossos infratores da lei antes do século 21.

E não adianta justificar que não temos como controlar toda a população carcerária solta. A tecnologia está aí. Existem meios de todo mundo ser muito bem rastreado. Qualquer tentativa de voltar ao crime aumenta a pena. Faço um jogo de que, para cada 10 infratores que recebessem educação e muito trabalho, talvez um deles apenas ainda se rebelaria.

Sabem por que o cárcere não funciona para recuperar um cidadão? Porque no cárcere imperam os maus exemplos. O exemplo da solidão, da exclusão, da intolerância, do afastamento social, entre tantos.

E ninguém se corrige com maus exemplos. Todos nós, seres humanos, para sermos pessoas de bem, precisamos de três coisas: educação, trabalho e cultura. Os infratores ainda muito mais.

Rezo para que nosso governo acorde enquanto há tempo. Que bonita nova sociedade construiríamos. (as.) Paulo Ratki, Porto Alegre (ratki@terra.com.br)”.

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