sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


Jaime Cimenti

Espírito natalino rio-grandense

Dezembro, Natal, espírito natalino, perdas e ganhos, encontros e desencontros, rivalidade gre-nal, fico pensando em tudo isso e muito mais. Lembro da velha piada: uma pessoa propõe um negócio a um nordestino.

O nordestino pergunta: quanto vou ganhar? A pessoa propõe sociedade a um paulista, que responde: quanto vamos ganhar? Aí o cara sugere negócio a um gaúcho, que, com aquele sotaquezinho, questiona “quanto tu vais ganhar?” É só uma piada, mas faz pensar em nossas peleias, em Inter x São Paulo, Grêmio x Flamengo e estranhas comemorações de derrotas.

Acho que nós, rio-grandenses (prefiro riograndenses a gaúchos) teríamos muito a ganhar se conversássemos mais, buscando união e ganhos de vários tipos. Claro que divergências, rupturas e rivalidades fazem parte da vida, mas será que não poderíamos brigar menos entre nós e pensar um pouco antes de ficar entregando rapaduras para os que estão acima do Mampituba ou além de nossas fronteiras com os hermanos?

Não tenho nada contra ninguém e procuro ter uma visão plural e democrática neste mundo globalizado de Deus, mas me dói ver a grande falta de união entre políticos, empresários, intelectuais, torcedores e cidadãos rio-grandenses em geral. Época de Natal é boa para pensar nessas coisas.

Época de pensar que ocupamos o mesmo chão e que não precisamos digladiar feito caranguejos dentro de um balde. Semana passada o agricultor Vitório Gasparetto, de Mato Perso, Flores da Cunha, viu 90 toneladas de uva de seu parreiral no chão, por causa de um tornado.

Ele chorou longe dos filhos e pensou que tudo estava perdido. Aí vinte e cinco vizinhos e agricultores de localidades próximas, com auxílio de máquinas, fizeram um mutirão e reergueram o parreiral.

Mesmo perdendo uns 40% da safra, Gasparetto recuperou a alegria e a esperança e disse estar à disposição de quem precisar de ajuda, que o bom de ser agricultor é essa união. Fábio Junior Crocoli, 26 anos, um dos vizinhos solidários, disse que temos de ajudar uns aos outros. A história fala por si e demonstra na prática o espírito natalino. O caso não é novo, já ocorreu outras vezes.

Fica o exemplo para todos. Quanto mais a gente se desentende, mais outros ganham com isso, mais recursos e pessoas vão para longe. Não sou separatista, nunca fui e acho que nunca vou ser. Não sou daqueles que querem juntar o litoral de Santa Catarina, o Rio Grande do Sul e o Uruguai para fazer um país novo, embora a ideia seja até simpática. Menos, né?

Só estou desejando Rio Grande e rio-grandenses mais unidos, até em benefício de nossa santas guaiacas, saúde e paz. Como já disse algum filósofo anônimo, se a gente não se Raoni, a gente se Sting, tchê!

Ainda que com chuva e ventos que possamos ter uma gostosa sexta-feira e um lindo fim de semana.

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