domingo, 6 de dezembro de 2009


CLÓVIS ROSSI

Nem agora nem nunca. Mas logo

BERLIM - Na quinta-feira, o dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se com a chanceler alemã Angela Merkel, o movimento ambientalista Greenpeace "empapelou" a estação central de Berlim com "banners" a respeito da cúpula do clima que começa amanhã em Copenhague.

Um deles dizia: "Jetzt oder nie" ("agora ou nunca"), uma maneira mais ou menos radical de dizer que ou se salva o planeta agora ou nunca mais. Os dois líderes preferiram responder, conforme esta Folha já relatou, nem agora nem nunca.

Traduzindo: Copenhague nem vai estabelecer metas de cumprimento obrigatório por todos os países para conter a emissão de gases que causam o aquecimento global nem vai deixar de preparar o mapa do caminho para chegar a elas o mais depressa possível.

O risco dessa ambiguidade é o de abrir caminho para o corpo mole e para o crescimento dos negacionistas da ameaça climática.

Seria bom, por isso, que os governantes todos recebessem cópias da coluna de Martin Wolf no "Financial Times" da quarta-feira. Nem Wolf nem o seu jornal são militantes do Greenpeace, alucinados ambientalistas ou nada que se pareça com radicalismos de qualquer espécie (depois da crise global, nem mesmo na defesa do livre mercado o "FT" tem sido fundamentalista).

Wolf começa por admitir que "a ciência que enfatiza a mudança climática é altamente incerta". É a mais pura verdade.

Mas, em seguida, o colunista acrescenta: "Dados os riscos, nós temos que estar bastante seguros de que a ciência está errada antes de seguir os céticos. Quando soubermos que não está [errada], será provavelmente tarde demais para agir eficazmente".

Fecho: "Não podemos repetir experimentos, tendo um só planeta". Tudo somado, pode não ser "agora", como cobra o Greenpeace, mas o prazo está se esgotando.

crossi@uol.com.br

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