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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
09 de dezembro de 2009 | N° 16180
PAULO SANT’ANA
A alma da Pink
Morreu minha cadelinha Pink, com 13 anos de idade.
Era a única pessoa que me fazia festa quando eu chegava em casa. Era de ver-se a alegria de que ficava tomada, saltando, latindo, esperando de mim uma reação afetiva.
Morreu a minha cadelinha poodle, pelos eriçados, cor de chumbo, olhos alertas, uma alegria de viver que se transmitia a todos.
Morreu minha cadelinha Pink, e eu ainda tropeço nela no corredor como se ela ainda existisse, tenho o cuidado de fechar a porta do quarto para que ela não entre e não suje o tapete. É incrível, mas eu procedo ainda como se ela vivesse. Impregnou-se tanto em minha vida, que a minha existência prossegue tendo-a como companheira de todas as horas.
Não dá para esquecer que, quando eu saía de casa, ela mostrava uma angústia tremente, parecendo que ia me perder para sempre.
Como eu, tinha labirintite. Como eu, deve ter sofrido muito. Em seus últimos dias, tossia muito a pobrezinha, sobrevivia à custa de muitos remédios, mas ostentava um petulante orgulho de viver.
O que me amassava era que ela não podia transmitir o seu sofrimento. O que será que pensava quando a tontura lhe tirava o apetite de viver? Como deve ter na sua mudez se desesperado por não poder dizer o que sentia. Era uma dor sozinha, um isolamento, sei lá como se sentem os animais quando adoecem e talvez não percebam que podem morrer.
Um vazio percorre a casa. Aquela ânsia permanente por outra comida que não fosse a ração, aquela curiosidade por tudo o que se fazia em torno dela, aquele rosnar furioso e com latidos quando a gente ameaçava, brincando, que iria tocar na sua cama e no seu lençol, são todas imagens que não se apagam da minha lembrança.
Os cães têm alma, tenho certeza disso. Se ela não tivesse alma, não teria deixado tamanha saudade. Não tivesse e não se apoderaria de mim esta tristeza que me penetra como um punhal de nostalgia da Pink.
Aquele sonho de que, depois da morte, iremos encontrar com nossos seres queridos tem no meu caso como centro a figura da Pink.
Mimosa, querida, adorada, vai estar no céu entre meus amigos e meus parentes, agitando a todos com seus latidos e aquele olhar suplicante por comida diferente.
Mimosa, dedico todos os dias para ti uma boa e quieta quantidade de lágrimas.
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