Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 14 de julho de 2009
14 de julho de 2009
N° 16030 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Perder e achar
Tem coisas que só são achadas para serem perdidas.
Encontrei em uma casa de câmbio de Ciudad Vieja, em Montevidéu, uma libra esterlina do ano de 1918. Era perfeita, com o retrato do Rei, com aquela solidez do Império Britânico, com aquela perfeição de traços e linhas que nunca mais surpreendi em nenhuma moeda de país algum do mundo.
O dono da loja pedia uma pequena fortuna por ela. Mas eu havia ganho na véspera outra pequena fortuna no cassino do Parque Hotel, de modo que nem regateei. Paguei por aquela preciosidade cada dólar que me pediam – e mais gastaria se mais me houvessem cobrado.
Pois bem; esses dias resolvi revê-la e não a localizei. Aconteceram nos últimos anos algumas mudanças – e não é impossível que entre um apartamento e o seguinte ela se tenha extraviado.
Não me queixo. Já perdi outras coisas, aí incluído um exemplar de Os Lusíadas que comprei num sebo. Era para ter arrematado uma coleção de romances portugueses, começando, é claro, por Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco. Só que veio junto, de contrabando, uma estropiada cópia da obra de Camões.
Creio que foi a primeira vez que li com gosto a narrativa inteira, me demorando no episódio de Inês de Castro. E então veio outra mudança e sumiram Os Lusíadas, sumiu a linda Inês posta em sossego.
Desde que dei noção de mim mesmo, ouvia meu avô dizendo: “Este relógio será de meu neto mais velho”. Meu avô era um senhor cumpridor da palavra, de modo que ganhei a joia ao completar oito anos.
Minha mãe entendeu que eu não tinha ainda a idade para portar semelhante raridade, de modo que a guardou numa gaveta de sua cômoda. Sucedeu que morávamos no térreo de um edifício – e não demorou fomos visitados por amigos do alheio. Resultado: me levaram o relógio, de que nunca mais tive remota notícia.
A vida é assim. Como falei no início, tem coisas que só são achadas para serem perdidas. É como o amor: você jura que durará uma eternidade, momentaneamente esquecido de que ela é construída de mínimos segundos.
Uma excelente terça-feira pra você. Quem te conhece sabe...
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