Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
01 de julho de 2009
N° 16017 - JOSÉ PEDRO GOULART
Benjamin Jackson
No filme O Curioso Caso de Benjamin Button, a linha do tempo é invertida: o personagem nasce velho e vai remoçando até ficar criança no final. Charles Chaplin também se imaginou nessa situação e declarou: “Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para frente”.
E agora que o Michael Jackson evaporou, cabe a analogia. Desde cedo ele teve que pegar no batente com as responsabilidades enfadonhas dos adultos. Depois, mas sempre ao contrario, MJ se tornou adolescente – por sinal, foi quando despontou como um grande bailarino, um cantor afinadíssimo, um artista completo, inovador; um Chaplin.
O tempo continuou invertido, com Michael cada vez mais um infante: brigou com os irmãos, reclamou dos pais – fez todos os tipos de estripulias, bizarrices; incluindo a de agarrar o próprio membro, enquanto se requebrava, de maneira tão acintosa quanto inofensiva.
Quase sempre revelando uma mente infantil, estranha a um corpo adulto. Tanto que obsessivamente interferiu nesse corpo que não combinava com ele. Usou de uma irresponsabilidade própria das crianças e tratou de fazer tudo que imaginou que podia. E podia muito – tinha dinheiro, tinha poder. E o que fariam as crianças se tivessem isso também e nada ou ninguém que lhes impedisse?
Mas sobretudo há a questão da criatividade.
As pessoas maduras dão bons (e inúteis) conselhos; e diz a literatura que alguns dão bons amantes. Só que no quesito criatividade ninguém supera as crianças. Um artista, quanto mais artista ele for, mais infantil ele é. A razão atrapalha a inspiração.
O próprio Michael Jackson para dançar daquele jeito dizia que não podia pensar durante os passos. (Nos desenhos animados os personagens voam sem perceber. Porém, quando se dão conta que não se voa apenas com o desejo, sem asas, eles caem.)
Charles Chaplin era um vagabundo, “o” vagabundo. Os alvos dele eram os policiais empedernidos, os donos de lojas, os vigias, os responsáveis pela normalidade e, de uma maneira geral, a aristocracia e o esnobismo dos adultos. Mas o vagabundo tinha amigos, em especial crianças e cachorros.
Às vezes, porém, criador e criatura se confundem. Na vida real, assim como MJ, Chaplin foi acusado de pedofilia. Sim, há um mundo real. Esse mundo tem regras. É justamente o mundo que os artistas confrontam. Um mundo que condena os excessos dos artistas. O mesmo mundo que chora intensamente a perda deles.
Quando morre uma criança, morre parte da nossa criatividade, e da nossa ilusão.
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