sexta-feira, 5 de junho de 2009



Jaime Cimenti
5/6/2009


Hino à coragem, ao amor, à amizade e à liberdade

O combate do inverno, romance infanto-juvenil do escritor, professor e ator francês Jean-Claude Mourlevat, entre outras honrarias literárias, recebeu o prestigioso prêmio Saint-Exupéry.

O romance de ação e suspense deste que é um dos principais autores franceses de ficção juvenil foi adotado pelo Ministério da Educação da França e teve seus direitos de tradução adquiridos para onze idiomas.

Lançada no Rio de Janeiro há poucos dias, através da Coleção Rocco Jovens Leitores, neste Ano da França no Brasil, a obra surpreende não só como estrutura narrativa, mas igualmente como um hino à coragem, ao amor, à amizade e à liberdade.

A história trata da trajetória de quatro jovens órfãos - Milena, Helen, Bartolomeu e Milos - que vivem num internato de regras muito severas sob o jugo da Falange, um grupo cruel e antidemocrático. O clima na cidade é de repressão e a tortura é um dos expedientes utilizados para manter os "rebeldes" sob controle.

Uma das poucas concessões que os jovens têm direito é visitar uma "consoladora" - espécie de confidente e conselheira que mora na aldeia - a cada dois anos. Num desses dias de visita, os dois rapazes e as duas moças acabam se conhecendo, dando início a uma luta obstinada pela liberdade que vai mudar suas vidas para sempre.

Com características de romance de formação, o livro, com sua narrativa densa, está repleto de tensão, perdas dramáticas e cenas comoventes.

Milena e Bartolomeu descobrem que seus pais foram mortos pelo regime e, com Helen e Milos, vão se empenhar na luta por ideais democráticos de liberdade. Os caminhos dos quatro vão se cruzar e se separar ao longo da trama.

A morte está à espreita e é inevitável, assim como o amor entre Milena e Bartolomeu. A presença dos sanguinários homens-cães da Falange vai dar ainda mais força dramática à história, ao lado dos bondosos homens-cavalos, alegorias das relações humanas e políticas regidas pela lógica e pelo poder versus submissão.

A obra chega em momento certo. Um momento em que os jovens pouco se envolvem com questões políticas e onde se pergunta quais são seus ideais.

A história penetra nos meandros de uma ditadura para refletir sobre liberdade, coragem, utopia, engajamento político e social e, principalmente, sobre a importância de levar adiante ideais e conquistas herdados de gerações anteriores.

Ao final da leitura é impossível não dar vivas ao lema liberdade, igualdade e fraternidade. Tradução de Alcida Brant, 368 páginas, R$ 46,00. Editora Rocco, telefone 21-3525-2000.

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