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quarta-feira, 10 de junho de 2009
10 de junho de 2009
N° 15996 - PAULO SANT’ANA
Os carroceiros
Além de ser colunista de Zero Hora, considero-me também um fanático leitor deste jornal.
Por isso, quero elogiar a matéria publicada em ZH no último domingo, de autoria de David Coimbra, que esteve na Venezuela e depôs de lá sobre fatos que nós todos víamos por um ângulo anverso.
Na reportagem, Coimbra abordou um aspecto que para mim soou como furo jornalístico: disse que viu na Venezuela em maior número e com maior estrépito a imprensa antichavista que a mídia que apoia o governo. Eu jurava que fosse o contrário e fiquei por isso estupefato.
Não descarto, tanto estava convencido de que lá se passava o contrário do que o David assistiu, que o nosso colega e correspondente tenha presenciado os estertores da imprensa antichavista, que, segundo notícias da mídia internacional que batem em nossos olhos todos os dias, está aos poucos sendo exterminada pelo governo de Chávez.
Mas que estertores barulhentos e ativos, segundo o David Coimbra!
Eu me deliciei lendo a matéria de meu colega.
Aos que pregam a extinção das carroças em Porto Alegre, sem entrar no mérito se devem ou não ser extintas, seja imediatamente ou por lei, que parece já estar vigendo, de que tenham um prazo de alguns anos para não mais existirem, quero lembrar que só aqui, na Redação de Zero Hora, existem dois colunistas do jornal que já foram carroceiros.
Eu fingi que era carroceiro numa reportagem que fizemos. Mas o Antonio Augusto Fagundes, esta legenda do nativismo gaúcho, que além do diploma de antropologo possui outros três diplomas de curso superior, confessou esses dias numa coluna de sua autoria em ZH que já foi carroceiro.
O Nico Fagundes escreveu também em sua coluna que se orgulha mais de ter sido carroceiro do Armazém Santo Ângelo, em Alegrete, onde fazia a entrega das compras e o transporte de produtos, como a lenha, do que dos quatro títulos universitários que ostenta.
O outro que foi carroceiro aqui na Redação de Zero Hora, para meu espanto, trata-se do Nílson Souza, editor de Opinião e colunista semanal do nosso jornal, uma das pessoas mais importantes de nossa organização de comunicações.
Fiquei ontem sabendo que Nílson dirigia carroças em sua meninice, a trabalho, quando entregava pães nas casas de clientes de uma padaria do antigo Passo do Feijó, hoje município de Alvorada.
O que eu quis dizer, afinal, trazendo para esta coluna este assunto das carroças?
Acho que não tenciono pronunciar um brado social em favor das carroças, que já foram empunhadas por tanta gente hoje essencial em nossa sociedade (se só aqui, na Redação de Zero Hora, há dois notáveis jornalistas que já foram carroceiros, por certo haverá milhares de casos iguais ou análogos no meio social gaúcho).
Não, o meu propósito foi o de provocar nostalgia. Vão extinguir as carroças em Porto Alegre, por lei.
Mas não há lei que tenha o poder de extinguir as carroças das nossas lembranças, não há vereadores ou prefeitos que possam extinguir as carroças da nossa saudade e não há lei nem ato institucional que possa extinguir o orgulho dos que foram e são carroceiros e de certo modo ergueram com sua profissão digna e o suor de sua labuta este país.
Não é a primeira profissão que extinguem no Rio Grande do Sul. Já extinguiram os mineiros, os charqueadores e agora extinguem em nome do progresso os carroceiros.
Mas o estoicismo profissional deles, este ficará para sempre gravado em nossas consciências.
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