domingo, 4 de janeiro de 2009



Um agradável convívio

SEMPRE ACHEI um enorme privilégio poder escrever em um jornal influente e independente e que presta tantos serviços à democracia brasileira como a Folha de S.Paulo.

Ademais, gosto da palavra escrita. Meu professor de português do Ginásio Rio Branco, o velho Castelões, via nesse gosto uma possível carreira de escritor.

Previsão errada, aliás, como fazem muitos economistas nos dias de hoje... Formei-me engenheiro e, como tal, passei a escrever mais números do que letras, até que o saudoso Octavio Frias de Oliveira abriu-me a página 2 da Folha. Era uma oferta de ouro para quem desejava debater com centenas de milhares de leitores os grandes temas nacionais. Aceitei na hora.

Os primeiros artigos foram motivo para longas conversas com o querido Frias, nas quais íamos muito além dos temas, querendo consertar o Brasil e o mundo. Senti-me feliz na nova empreita. Mas faltava a prática. Minhas ideias não cabiam no espaço do jornal.

Êta coisa irritante! Tive de aprender a pensar dentro da magreza da coluna. Mesmo assim, de quando em vez, protestava junto ao Frias, até que um dia ele me perguntou: por que você não escreve um livro para contar a sua vasta experiência de empresário, chefe de uma bela família e colaborador de tantas obras sociais? A pergunta me intrigou.

Não sabia se era uma sugestão séria ou mera brincadeira. Fiquei com ela na cabeça. Lembrei-me do Castelões. Mas a mosca me mordeu. Pensei alguns dias e decidi: vou escrever uma peça de teatro. E acabei escrevendo três.

Os atores amigos já tinham me falado que as ideias transformam-se em verdadeiros torpedos quando expostas num palco, com emoção, música, cenários e figurinos. Eles estão certos. Com essa moldura, elas penetram fundo e atingem a alma.

Como aprendiz de dramaturgo e na forma de ficção, procurei passar para o público, e em especial para a juventude, a minha infinita crença nos valores da humildade, do trabalho, da educação, da ética, da liberdade, da democracia e, enfim, em tudo aquilo que meus pais me ensinaram e eu nunca esqueci.

De maneira muito modesta, no jornal e no teatro, nas empresas e nas obras sociais, esforço-me para exercer a cidadania, fazendo propostas, criando empregos e ajudando os necessitados. Para os artigos, meus leitores me alimentam com excelentes sugestões. Sou muito grato a todos.

Otavio Frias Filho, ao suceder seu pai no jornal, acolheu-me com a mesma amabilidade, fazendo-me sentir parte da família Frias. Gente generosa. Competente. Patriótica.

Sou grato a todos, inclusive aos funcionários da Folha, de quem espero igual apoio na inauguração de uma nova fase, na qual pretendo escrever ocasionalmente, mas com o mesmo propósito: ajudar a construir um Brasil melhor.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES ocupou esta coluna aos domingos desde março de 1991.

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