sexta-feira, 7 de março de 2025



07 de Março de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Trump semeia ventos e colhe tempestades

De todos os setores que apoiaram Donald Trump na eleição de 2024, o agronegócio é o mais assustado com os arroubos do presidente republicano. A imposição de tarifas a produtos da China, do México e do Canadá e o aviso desses países de que haverá retaliação fez soar o alarme entre os agricultores dos Estados Unidos, sobretudo os produtores de soja que exportam para a China. Nenhum exportador quer perder mercados conquistados por uma medida atabalhoada do governo do seu país - e isso vale para o caso de o Brasil criar cotas de exportação para forçar a redução do preço dos alimentos.

No caso dos Estados Unidos, o temor dos produtores é de que outros países - o Brasil inclusive - ocupem seu espaço no fornecimento de grãos para a China.

A gritaria geral fez com que Trump recuasse temporariamente no tarifaço de produtos importados do Canadá e do México, já que ele estava ignorando a existência de um acordo de livre comércio com esses vizinhos, englobando produtos que ameaçou taxar. Seria como se Javier Milei resolvesse taxar as importações de produtos brasileiros por questões ideológicas, ignorando o Mercosul, acordo do qual a Argentina ainda faz parte.

A guerra tarifária provocou solavanco nas bolsas mundiais e desvalorização do dólar ante outras moedas, num sinal de que o mercado não levou a sério o discurso de Trump no Congresso, quando se gabou de ter feito mais pelos Estados Unidos em 40 dias de mandato do que outros presidentes em vários anos.

O mercado pode ser pró-Trump, mas não é bobo. Por ser pragmático, não se alimenta de discursos políticos. Importam os efeitos práticos. O próprio Elon Musk, o bilionário mãos de tesoura que Trump contratou para reduzir despesas públicas, está perdendo dinheiro com a debandada de clientes na Europa - e pode perder mais se o presidente a quem serve continuar com as hostilidades, humilhando os europeus. Vá lá que alguns bilhões a mais ou a menos não fazem diferença para Musk, mas o significado simbólico é de repúdio à forma como o presidente trata seus aliados históricos. _

O Brasil também está na mira de Trump. Foi citado no Congresso como um país que pratica "tarifas injustas", provavelmente em referência ao etanol. Essa bomba o vice-presidente Geraldo Alckmin está tentando desarmar.

Prefeito de Cachoeira do Sul pede socorro ao governador

Herdeiro de uma situação caótica depois da gestão de José Otávio Germano (PP), o prefeito de Cachoeira do Sul, Leandro Balardin (PSDB), fez um dramático pedido de socorro ao governador Eduardo Leite ontem. Pediu, especialmente, recursos para a reconstrução de pontes e estradas e liberação de prédios desocupados do IPE e do Daer para aliviar os gastos com aluguel.

À coluna, o prefeito traçou um cenário de dificuldades. Além de pontes em situação precária, são prédios públicos com problemas estruturais, equipamentos da prefeitura sem funcionar e um déficit previsto para atingir os R$ 66 milhões, por dívidas na previdência dos servidores, contas atrasadas e queda de arrecadação do ICMS. É um quadro que ele define como "um estado de guerra".

Balardin assumiu a prefeitura em janeiro deste ano e ainda enfrenta as consequências desastrosas da gestão de Germano, que renunciou em dezembro de 2023 após diversos escândalos.

- A cidade chegou no fundo do poço, aliás, passou do fundo. - relata Balardin.

Outro problema enfrentado pelo novo mandatário é na busca por recursos. Em função do caso envolvendo o ex- prefeito, a imagem da cidade ficou manchada, e faz com que poucos políticos se sintam confortáveis em apoiar o município com emendas.

Leite disse ao governo que pode contar com o Estado. Durante a audiência com Leite foi assinado, com a Secretaria da Saúde, acordo para a criação de um Centro de Assistência ao Autista (CAS). Hoje, os autistas do município são atendidos em Caçapava do Sul e precisam viajar em veículos antigos e sem ar condicionado. _

Caiado na carona de Gusttavo Lima

Por trás do anúncio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, de que lançará sua pré-candidatura a presidente no dia 4 de abril, há uma estratégia de marketing inédita desde a redemocratização.

Já vimos artistas serem usados por candidatos ou escolherem espontaneamente seus lados para entrar em campanhas. Amigo de Gusttavo Lima, Caiado fez uma aposta diferente. Incentivou o sertanejo a se lançar na política e estimulou sua pré-candidatura, como se fosse um concorrente.

Agora, a estratégia é lançar os dois nomes com a ideia de que ali adiante um seja candidato a presidente e o outro a vice.

Caiado é do União Brasil. Gusttavo Lima ainda não se filiou, mas vem sendo assediado por diferentes siglas. Nunca administrou nada, o que não o impede de ser candidato, dada a tradição brasileira de eleger presidentes sem experiência administrativa.

Caiado, ao contrário, tem experiência de sobra, mas precisa de alguém como Gusttavo Lima para se tornar conhecido fora do Centro-Oeste e do agronegócio. De todos os governadores avaliados na última pesquisa Quaest, é o mais popular. Tem 86% de aprovação.

A dupla vai colar? Cedo para dizer, mas o cenário está aberto para desafiantes. _

Autópsia da abstenção

Por que, afinal, tantos eleitores deixaram de votar em 2024? Em busca de respostas para essa pergunta, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE- RS) fará um seminário entre 12 e 14 de março. A programação inclui apresentação de relatório sobre abstenção, painéis, apresentação de propostas para engajar os eleitores e relatos de eleitores facultativos. _

MP-RS lança "Eu falo por elas"

O Ministério Público do Rio Grande do Sul lançará hoje, às 9h, a mais do que oportuna campanha "Eu falo por elas". Foram escolhidas personalidades femininas (jornalistas, influenciadoras e empresárias) para emprestar sua voz para ler relatos reais de mulheres que sofreram violência doméstica, ecoando suas histórias e rompendo o ciclo do silêncio. _

POLÍTICA E PODER

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