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EM FOCO
Presidente do PT vai assumir as Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha. Até então, ela era cotada para a Secretaria-Geral da Presidência. Perfil combativo da indicada, que faz críticas à política econômica, causa incertezas
Lula escolhe Gleisi para a articulação política
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para ser a ministra de Relações Institucionais. A decisão é considerada uma reviravolta, já que, até poucos dias atrás, era dado como certo que ela assumiria a Secretaria-Geral da Presidência.
A informação foi confirmada em nota da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Segundo o comunicado, Lula se reuniu com Gleisi na sexta-feira pela manhã e a convidou para o cargo. Ela vai substituir Alexandre Padilha, indicado na terça-feira para o Ministério da Saúde.
A posse será no dia 10 de março. Em rede social, Lula afirmou que a petista "vem para somar". Já Gleisi disse que seguirá "dialogando democraticamente com os partidos, governantes e lideranças políticas, como fiz nas posições que ocupei".
A escolha de Gleisi era tratada com ceticismo devido ao perfil combativo da petista. Presidente do PT desde 2017, ela esteve à frente do partido em alguns de seus momentos mais críticos. A posição a fez ganhar fama de sectária.
A chegada de Gleisi ao governo também cria um novo polo de poder no Planalto. Hoje, as principais forças políticas no governo são os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), ambos vindos da Bahia e aliados de longa data.
Ao longo da gestão, Gleisi expôs divergências com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Aliados da petista costumam dizer que, como presidente do partido, ela tinha a obrigação de tentar puxar o governo para a esquerda, o que explicaria as falas que contrariavam a política de Haddad. Agora, porém, há uma avaliação de que a disciplina que exige um cargo no primeiro escalão deve fazer as divergências diminuírem.
Oposição critica; centrão tem ressalvas
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou que a nomeação de Gleisi para a articulação política mostra que o governo "dobra a aposta" em um movimento de "radicalização e isolamento". Marinho disse ainda que o Executivo potencializa "erros do passado".
Já o líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS), disse que o Planalto está "priorizando interesses partidários".
Nos partidos do centrão - e inclusive entre ministros do governo -, a escolha também foi vista com reservas. Ao jornal O Globo, o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), disse que a indicação "traz riscos".
- Se não funcionar, ele vai assumir o ônus de ter contrariado a percepção de boa parte da base, que desejava um nome mais articulado com o centro, já que os outros postos do Palácio do Planalto já são do PT - afirmou.
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