segunda-feira, 5 de agosto de 2024


05 de Agosto de 2024
CLÁUDIA LAITANO

Clube do livro

Um livro sobre amor aos livros chegou ao topo das listas de mais vendidos do Brasil na última semana. Entre títulos de autoajuda espiritual e financeira e histórias açucaradas, o romance distópico Fahrenheit 451 (1953), do escritor americano Ray Bradbury (1920-2012), parece ter renascido das cinzas para uma nova geração.

O milagre da multiplicação de leitores tem nome: Felipe Neto. Com uma audiência potencial de 46,5 milhões de seguidores no YouTube, o empresário lançou no final de julho o Clube do Livro FN, plataforma em que os assinantes pagam R$ 499 por ano (o livro é adquirido por fora) para ter acesso a videoaulas e lives e interagir com outros leitores. Apenas na live da leitura de Fahrenheit 451, o clube conquistou 4 mil sócios.

Alguns dias antes, Fernanda Torres havia inaugurado um perfil no TikTok dedicado exclusivamente a indicações literárias. A estreia foi com a recomendação de livros que analisam diferentes aspectos da obra de Machado de Assis (Ao Vencedor as Batatas e As Ideias Fora do Lugar, ambos de Roberto Schwarz, O Otelo Brasileiro, de Helen Caldwell, e Machado, de Silviano Santiago). No embalo de um renovado interesse impulsionado pelo vídeo elogioso de uma influencer americana, Machado também anda vivendo seus dias de best-seller póstumo.

Felipe Neto e Fernanda Torres talvez sejam as primeiras celebridades brasileiras a ingressarem no disputado terreno dos influencers literários, nicho que no Brasil ainda é dominado por desconhecidos ou ex-desconhecidos. Nos Estados Unidos, o número de famosos (famosas, na verdade) com seus próprios clubes de leitura não para de aumentar. A ponto do site The Cut publicar: 

"Por que toda mulher famosa agora tem um clube do livro?". Oprah Winfrey começou o dela em 1996, recomendando mais de cem livros desde então. Reese Witherspoon fundou uma empresa para gerir seu clube de leitura, a Hello Sunshine, que ajuda a transformar as histórias selecionadas em filmes e séries de TV. Estrelas como Dakota Johnson, Dua Lipa, Emma Watson, entre outras, também têm usado a atenção dos fãs e da mídia para falar sobre seus autores preferidos.

Se a leitura exige recolhimento, descobrir novos livros e autores pode ser uma experiência compartilhada: não há ferramenta de marketing mais poderosa do que um leitor apaixonado. Não importa o quanto as telas dominem o mundo e ditem o ritmo das nossas vidas, sempre vai haver alguém disposto a salvar seus livros favoritos da destruição, do esquecimento e da censura. Em poucas palavras, esse é o resumo da história narrada em Fahrenheit 451. _

CLÁUDIA LAITANO

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