domingo, 11 de agosto de 2024

Caixa misteriosa, humor e suspense no Clube do Crime

Jaime Cimenti



O último demônio a morrer (Editora Intrínseca, 320 páginas, R$ 69,90), do celebrado autor, produtor e apresentador inglês Richard Osman, é o novo e quarto volume da consagradíssima série O Clube do Crime das Quintas-Feiras, composto de quatro detetives septuagenários. A obra foi eleita pelo New York Times como a melhor aventura do Clube. A série é sucesso internancional e já vendeu mais de 10 milhões de exemplares. O romance será levado às telonas da Netflix com produção de Steven Spielberg, direção de Chris Columbus (Harry Potter), com Helen Mirren (A Rainha) e Bem Kingsley (Gandhi) no elenco central.

O último demônio a morrer começa com uma caixa misteriosa e o assassinato de um velho amigo do grupo de detetives setentões. Fim de ano, clima natalino e um homem, o amigo do grupo, antes de ser executado, recebe uma antiga caixa de um indivíduo enigmático e a ordem de entregá-la a outra pessoa, sem fazer mais perguntas. O misterioso objeto foi transportado clandestinamente pelo litoral da Inglaterra e desaparece, e aí um verdadeiro caos se instaura.

A antiguidade preciosa e o conteúdo são apenas a ponta de um profundo iceberg, que inclui rede de traficantes de drogas e falsificadores de arte profissionais. No mundo das antiguidades,com se sabe, nem sempre se joga limpo. Mais mortos virão e os velhos detetives, que não têm mais em quem confiar, se perguntam se estão arriscando a pele diante de um caso sem solução.

Nessa nova aventura do Clube do Crime das Quintas-Feiras, Richard Osman, que leva o mistério habilmente até a última peça do quebra-cabeça, faz com que os detetives idosos lidem com as dificuldades de seus processos de envelhecimento, como o luto, a solidão e a morte - um dos vovôs tem até problemas com uma namorada virtual. Mas emoção sincera, humor afiado e suspense não faltam, para arrancar gargalhadas e lágrimas dos milhões de leitores. 

Presidentes, monarcas e ditadores bizarros da América Latina

Desde a colonização ibérica, passando pelas independências, as ditaduras simultâneas, a redemocratização e por todos os capítulos seguintes que contam a história dos países latino-americanos, podemos observar, na América Latina, um grande mosaico político composto por seres poderosos, esdrúxulos e bizarros.

América Latina - lado B (Globo Livros, 448 páginas, R$ 64,90), do consagrado jornalista Ariel Palacios, correspondente da Globo News e CBN para a Argentina desde o ano em que o presidente argentino Menen tentou, sem conseguir, seduzir Madonna, é uma obra que mostra a América Latina hispânica com toda sua diversidade e complexidade.

Com seu estilo inconfundível e conhecimento enciclopédico, Ariel conta histórias saborosas, bizarras e muito loucas dos líderes de nosso continente. O livro vai de Evita e Juan Domingo Perón a Nicholás Maduro, passando por ditadores do vodu haitiano Papa e Baby Doc, o malfadado imperador do México Maximiliano de Habsburgo, o monstruoso - e medroso - Alfredo Stroessner e o verborrágico Fidel Castro, entre muitos outros.

Como se sabe, os presidentes, ditadores, monarcas e alguns líderes religiosos da América Latina superam as histórias mirabolantes do realismo fantástico dos famosos romances, novelas e contos de García Márquez, Vargas Llosa e outros. O continente é pródigo em instabilidades sociais, econômicas e políticas, golpes, violência, drogas, contrabando, conspirações e corrupção.

No livro tem presidente que comandou o funeral da própria perna; necromania, leitão afrodisíaco e defunto conselheiro presidencial canino; planos para invadir a Grã-Bretanha; república de bananas; renúncia presidencial por fax; presidente condenado por tráfico de drogas; narcoextravagâncias; conexões ornitológicas com o além; argentino CEO de Deus na Terra e outras histórias. Como escreveu Ariel no prólogo, para contar todas as histórias esquisitas, macabras e surrealistas da América Latina, seria preciso produzir uma colossal enciclopédia.

É certo que existem pecados e problemas acima da linha do Equador. Em alguns países a corrupção é menor e os controles maiores. Em outros a corrupção e as negociatas boas para as quais nem todos são convidados são mais disfarçadas, e aí as coisas se resolvem mais "civilizadamente", sem embates sangrentos e de baixo nível, como ocorre muito na América Latina.

Ariel, brasileiro, deixou de fora histórias de nosso Brasil, preferindo falar apenas dos nossos queridos hermanos vizinhos. Em alguns casos chamamos de hermanos, porque irmão não se escolhe. Como escreveu Ariel: "Talvez nosso (re)conhecimento se dê de forma mais clara quando olhamos para os outros, para que, a partir de comparações, diferenças e semelhanças saltem aos olhos. (...) Já conhecemos o vasto arsenal de besteiras feitas por nossos políticos nativos, que com frequência emulam o mítico personagem de Dias Gomes, Odorico Paraguaçu, cuja cabeleira tingida de uma cor preta intensa, como as asas da graúna, foi inspirada no cabelo pintado do presidente Perón."

 Lançamentos

STF - Como chegamos até aqui (Avis Rara-Faro, 128 páginas, R$ 39,90), de Duda Teixeira, renomado jornalista e escritor, coautor de Guia politicamente incorreto da América Latina, fala de nossa Suprema Corte, inspirada na Suprema Corte dos EUA. O autor mostra problemas do STF e resgata os princípios fundadores do Tribunal, convidando a refletir e buscar novos caminhos e soluções.

Lugar de Mulher é Onde Ela Quiser - Você é dona de suas decisões (Mulher Editora, 179 páginas) traz candentes relatos de Taise Vielmo Cortes e outras mulheres ativas, brilhantes e pensantes sobre a situação feminina no Brasil e no mundo. Prefácio de Camila Farani. Lançamento: Bistrô da Catedral, Duque 1.187, 16/8, 17h30min.

As irmãs sob o sol nascente (Editora Planeta, 320 páginas, R$ 59,00), de Heather Morris, autora do best-seller O tatuador de Auschwitz, traz, com base em história real, Norah e Nesta, presas pelo exército japonês na Segunda Guerra. Com outras mulheres do campo de concentração, buscam sororidade e força para sobreviver.

 A propósito

Está certo o Ariel, precisamos estudar e lembrar o que aconteceu e acontece com a vizinhança para buscarmos gargalhadas e lições para o futuro. Quem sabe a gente não repete as bobagens e loucuras deles e nem as do nosso sanatório geral. Quem sabe um dia a gente deixa de ser um país para ser uma nação dessas de verdade, civilizadas, tipo Nova Zelândia . Tudo é possível e impossível nos trópicos, mesmo como nossos passados imprevisíveis, como disse o outro, que a gente não exato quem foi.( Jaime Cimenti 

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