09 de Agosto de 2024
EDITORIAL
EDITORIAL - O poder da mobilização
A importância da pressão da sociedade gaúcha para cobrar ritmo adequado nas obras e projetos indispensáveis para a recuperação do Estado após a cheia de maio pode ser ilustrada pela mobilização em torno da reabertura do aeroporto da Capital, tomado por semanas pelas águas. No início de junho, um mês após o início do alagamento, a concessionária Fraport e o governo federal informaram que a previsão era reabrir o Salgado Filho em dezembro. O prazo foi considerado inaceitável, como assinalou de forma veemente este espaço. Iniciou-se um forte movimento para instar empresa e poder público a encontrar formas de agilizar os trabalhos necessários para a volta dos voos. A previsão, então, passou para outubro, embora ainda de forma parcial.
O retorno a pleno das operações no aeroporto é basilar para a recuperação do Estado. O quadro atual impõe prejuízos e transtornos à economia gaúcha e aos cidadãos. Reportagem publicada ontem em ZH mostra que, entre maio e junho, o fluxo de passageiros na Região Metropolitana caiu 92% ante os mesmos meses de 2023. Reflexo do Salgado Filho paralisado e do uso limitado da Base Aérea de Canoas. Para a maior parte dos usuários, chegar ou sair do Rio Grande do Sul virou uma maratona custosa. É preciso embarcar ou desembarcar em outras cidades gaúchas e catarinenses, o que exige deslocamento rodoviário e causa perda de tempo.
O Painel da Reconstrução, do Grupo RBS, aponta que, nesses dois meses, o fluxo de passageiros na base aérea e nos aeroportos da malha emergencial foi de 967 mil pessoas. Em 2023, neste mesmo recorte temporal, esses terminais alternativos, mais o Salgado Filho, movimentaram mais de 1,9 milhão de viajantes. Fica evidente a oferta de assentos muito aquém da demanda. A consequência foi a explosão dos preços das passagens.
As perdas econômicas são significativas, como bem sabem os setores de turismo, eventos e cultura, entre outros. Ligação aérea rápida com outros centros urbanos importantes do país e do Exterior é essencial para fazer negócios e tornar o Estado atrativo para investimentos. O transporte aéreo de cargas, que vinha em crescimento, talvez demore ainda mais para se recuperar, gerando custos logísticos extras às empresas.
A operação parcial, a princípio a partir de 21 de outubro, começa com 128 voos diários. A reabertura total, inclusive para voos internacionais, é prevista para dezembro. Trata-se de uma questão de tamanha relevância que não basta a sociedade gaúcha manter-se atenta para exigir o cumprimento do cronograma. É cabível reivindicar da Fraport que se esforce ainda mais para antecipar os prazos atuais, desde que respeitadas as normas de segurança. O Rio Grande do Sul está sem o Salgado Filho desde 3 de maio. Para abreviar o reerguimento do Estado e os contratempos de quem precisa do aeroporto, cada dia conta.
A mesma cobrança incisiva precisa ser repetida em outras frentes essenciais à recuperação do Estado, como as promessas de crédito às empresas, reconstrução de pontes, entrega de moradias e auxílio às populações atingidas.
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