quinta-feira, 15 de agosto de 2024


15 DE AGOSTO DE 2024
OS OUTROS

OS OUTROS

Eduardo Sterblitch: "As pessoas mais perigosas são as mais engraçadas"

"Os Outros"

Ator retorna na segunda temporada da série original do Globoplay, que estreia hoje no streaming. Em conversa com Zero Hora, o astro fala sobre Sérgio, seu personagem, que ganhará mais espaço nos episódios, além da linha tênue entre a comédia e a vilania na construção da história

Uma das grandes surpresas de Os Outros, série original do Globoplay, foi a atuação de Eduardo Sterblitch. Na pele do implacável vilão Sérgio, o ator mostrou para o grande público a sua versatilidade também para o drama. É uma faceta distante - mas nem tanto - dos papéis cômicos pelos quais ficou amplamente conhecido.

Com a segunda temporada, que estreia hoje no streaming, o personagem de Sterblitch ganha mais tempo de tela. O artista, assim, alcança status de protagonista de um dos fenômenos recentes de popularidade da plataforma.

Em conversa com Zero Hora, o ator explicou a composição de Sérgio e o porquê de o vilão inescrupuloso ter caído nas graças do público - que amou odiar o personagem:

- Acredito que o pessoal teme o Sérgio porque se vê nele. E o mais difícil e o mais interessante de fazer um personagem neste estilo é que as pessoas têm inveja de quem é livre. Ele é um cara que, por mais que não tenha um caráter admirável, bota inveja em todo mundo porque é uma pessoa de verdade. Ele é ele mesmo.

Segundo o ator, Sérgio é um personagem que tem noção real da sociedade e que se coloca acima das instituições, sem ligar para elas - tanto é que era policial na primeira temporada e, agora no novo ano, tornou-se vereador, unicamente para se aproveitar destas ferramentas para benefício próprio.

No primeiro episódio da nova temporada, ao qual a reportagem teve acesso antecipadamente, é possível perceber que Sterblitch está mais à vontade com a personalidade de Sérgio - que foi sendo construída aos poucos na temporada passada, revelando em doses o (mau) caráter do personagem. Com este conforto no papel, o astro transita entre a comicidade e a maldade.

- As pessoas mais perigosas são as mais engraçadas. Tanto é que os vilões mais famosos são os de desenho, personagens de mentira, exagerados. Eles são os mais temidos, os mais perigosos. A comédia sempre ajuda a você conseguir falar coisas muito sérias de forma que não seja tão sublinhada, porque o comediante não pode ter pudor, assim como o vilão. Então, essa falta de pudor do comediante e do vilão aproxima essas duas figuras - acredita Sterblitch. _

Trama do absurdo

Os Outros volta com a sua segunda temporada da seguinte forma: serão liberados três episódios hoje e mais três no dia 22 de agosto. Nas quintas-feiras seguintes, 29 de agosto, 5 e 12 de setembro, serão disponibilizados mais dois cada, totalizando 12 capítulos, tal qual o ano anterior.

A série está planejada pelo autor Lucas Paraizo para ser uma trilogia antológica - a última parte já está sendo trabalhada pelo criador.

Neste segundo ano, o conflito começa novamente por algo banal: uma árvore que é cortada por um vizinho e isso incomoda o outro. A partir disso, os problemas vão escalonando até chegar a um ponto irreversível, mostrando que a violência do dia a dia, caso não seja freada, só vai crescendo.

- A gente vai muito no limite do absurdo. A série joga uma lente de aumento em algumas situações. Às vezes, distorce algumas coisas, para que a gente consiga ter um distanciamento crítico - conta Paraizo.

Já a diretora artística da série, Luisa Lima, explica que este novo ano de Os Outros vai explorar novos temas - a religião é um deles, com grande destaque já no primeiro episódio. A ideia, ao abordar estes tópicos cotidianos, é conversar com a realidade, por mais absurda que ela possa ser:

- O suspense fica ainda maior nesta segunda temporada. Trabalhamos com muita consistência, tanto na dramaturgia quanto no conceito e na construção dos personagens. Quando a gente fala desses personagens dentro deste condomínio, estamos sempre lembrando que a gente está falando de um microcosmo da sociedade brasileira. _

CARLOS REDEL

Nenhum comentário: