05 de Agosto de 2024
CARPINEJAR
O chavismo morreu
Nicolás Maduro é o típico ditador latino-americano. Uma caricatura terrível e repulsiva. Repete a sina de Daniel Ortega, atual presidente da Nicarágua, que adulterou a votação de 2021, com a prisão de diversos opositores e com o resultado rejeitado pela grande maioria da comunidade internacional.
Da mesma forma, Maduro simula eleições, os venezuelanos votam, e ele finge que é o vencedor. Depois de executar o golpe de Estado, ele inverte a realidade como se fosse vítima de um complô, diz que vem sofrendo tentativa de golpe das nações que não aceitam as irregularidades do pleito e age com truculência para abafar dissidências.
Ou alguém que ganha as eleições limpamente não iria querer ostentar a contagem das urnas, seção por seção? Se Maduro tivesse vencido com justiça, ele mostraria tudinho. Até as suas roupas íntimas.
A questão é que ele brinca que está numa democracia. Desde 2013, o país não conhece urnas livres e legítimas. São 11 anos de tirania. E ninguém faz nada. E ninguém o remove da encenação canhestra. E o presidente Lula não se posiciona firmemente. Qual a solução por vias institucionais, se até o Tribunal Supremo de Justiça e o Conselho Nacional Eleitoral estão atrelados ao Executivo?
Enquanto não ocorrer independência entre os poderes, enquanto o Legislativo e o Judiciário permanecerem como marionetes da mão de ferro presidencial, jamais veremos uma Venezuela democrática novamente. Pois todo julgamento tem a insídia oculta da perseguição ideológica.
Trata-se de uma omissão injustificável do governo brasileiro, que vive opinando sobre os conflitos da Ucrânia ou de Israel. No meu entendimento, omissão significa apoio, chapa-branca. Lula está dando tempo para a situação se tornar irreversível. A sede da oposição acabou de ser vandalizada por anônimos encapuzados. Precisa de mais algum sinal?
O diálogo é impossível, o escândalo é evidente na vizinha Venezuela. O chefe da diplomacia da Casa Branca, Antony Blinken, denunciou fraude e afirmou que havia "evidência esmagadora" da vitória do opositor Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais de 28 de julho.
É um "conto de fados" que Maduro tenha conseguido a reeleição, com 52% dos votos contra 43% de González, candidato da aliança opositora Plataforma Unitária Democrática - isso após tirar do caminho sua candidata original, María Corina Machado. Há indícios de que ele perdeu por 67% a 30%.
Agora, começam o terror, a violência, a opressão. Qualquer um que se declare contrário será preso. Já assistimos a esse filme várias vezes. Nicolás Maduro trancafiou 1,2 mil pessoas insatisfeitas com o regime em prisão de segurança máxima. Promete capturar outras mil. O destino é o silêncio total dos presídios Tocorón e Tocuyito. Os manifestantes, chamados por ele de "quadrilhas das novas gerações", ficarão enclausurados com quem cometeu crimes hediondos e dificilmente vão sobreviver dentro das facções carcerárias.
Como de costume, haverá uma "Marcha da Vitória". Aqueles que marcham serão soldados do Exército, jamais sociedade civil. Parece mais tropa de choque do que apoio popular. Existe um numeroso inventário dos crimes contra a humanidade praticados na autocracia venezuelana. Os direitos básicos de cidadania são sucessivamente vilipendiados, ontem e hoje.
O chavismo morreu (Hugo Chávez é um fantasminha camarada), o que vigora é o antigo e indisfarçável fascismo de todas as horas. Se Maduro tivesse vencido com justiça, ele mostraria tudinho. Até as suas roupas íntimas
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