quinta-feira, 29 de agosto de 2024


EDITORIAL

Modernidade no campo

Divulgada ontem por Zero Hora, a pesquisa que revela o novo perfil dos produtores rurais do Rio Grande do Sul merece lugar de destaque no quadro de boas notícias produzidas pelo setor agropecuário em torno da atual edição da Expointer. A guinada para a modernidade, constatada pelo levantamento realizado pelo Grupo RBS e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), pode ser considerada uma conquista tão importante quanto a superação das dificuldades causadas pela recente catástrofe climática, o aumento da produção de grãos e o incremento das vendas de máquinas agrícolas.

O levantamento denominado O agro gaúcho: quem é o produtor que movimenta o Rio Grande do Sul demonstra que a maioria dos representantes do agronegócio possui alto índice de escolaridade e já incorpora em suas atividades diárias muitos avanços tecnológicos da era digital. A melhor formação desta terceira geração familiar dedicada ao setor rural tem relação direta com o uso mais intenso de recursos tecnológicos que elevam a produtividade, reduzem custos, melhoram a qualidade dos produtos e - o mais importante - ajudam a preservar o meio ambiente.

Seis em cada 10 produtores ouvidos pelos pesquisadores já utilizam algum tipo de tecnologia que até pouco tempo atrás era impensável no meio rural. Usam, por exemplo, o GPS para mapear suas propriedades e até drones que podem sobrevoar as lavouras e coletar dados em tempo real sobre o estado das plantas, a umidade do solo e a presença de pragas. A quase totalidade faz uso da internet como ferramenta essencial para a administração do negócio.

O levantamento também mostra que 80% desses produtores modernos frequentam rotineiramente feiras e exposições do setor, em busca de atualização e de novos negócios. Nesse contexto de evolução, nove em cada 10 manifestam disposição de continuar trabalhando e investindo no campo, o que aumenta a perspectiva de recuperação e de crescimento da principal atividade econômica do Estado.

Do ponto de vista ambiental, a nova mentalidade do gaúcho rural é igualmente promissora. Todos os ouvidos utilizam alguma técnica de sustentabilidade, sendo as mais conhecidas: plantio direto (71%), rotação de culturas (57%), controle biológico de pragas (44%) e integração lavoura/pecuária/floresta (37%). As técnicas de plantio agroflorestal, como se sabe, preservam as árvores e contribuem para o desenvolvimento sustentável, com preservação e recuperação do solo.

A mentalidade inovadora dos produtores gaúchos, detectada pela pesquisa, certamente está contribuindo para a rápida recuperação da atividade agropecuária, como mostram as estimativas da produção de grãos apresentadas pela Emater na Expointer. De acordo com a previsão, a próxima safra de verão terá alta de 16,9% em relação ao ciclo passado, que, embora tenha sido comprometido pela enchente, seria recorde no Estado. Nesse contexto, cabe destacar também o trabalho prestimoso da Emater na pesquisa agropecuária, na formação e na orientação aos trabalhadores do campo para que as novas técnicas sejam bem aplicadas e contribuam efetivamente para o aumento da produtividade.

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