terça-feira, 21 de junho de 2022

21 DE JUNHO DE 2022
INFORME ESPECIAL

Carros 1.0, o retorno A tendência é: slow fashion

INFORME ESPECIAL

O aumento do preço da gasolina nos últimos anos tem contribuído para outro fenômeno, além da maior procura da população por motocicletas: a busca por automóveis com motor 1.0, considerados mais econômicos no consumo de combustíveis. São ainda mais baratos em comparação com carros mais potentes, outro fator que faz a demanda crescer em meio a um período de economia e renda claudicantes.

Os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) ilustram a situação. Em maio, 51,9% dos automóveis de passeio emplacados no país tinham motoração mil. Um ano atrás, o percentual era de 43%. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2022, a fatia ficou em 48%, quatro pontos percentuais acima do fechamento do ano passado.

Se hoje os automóveis 1.0 respondem por metade do mercado, há não muito chegaram a ser em torno de apenas um terço, como em 2016 (ver quadro).

Especialista no setor, Milad Kalume Neto, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Jato do Brasil, consultoria de origem inglesa, aponta que a melhor relação custo-benefício explica o movimento. Segundo ele, houve uma mudança no perfil dos motores nos últimos anos.

- Hoje motores 1.0 possuem a mesma potência dos 1.4 ou 1.6 de alguns anos atrás. O Inovar-Auto (programa de incentivo à inovação tecnológica) e as regras de eficiência energética previstas inicialmente neste marco legal deram uma nova vida ao segmento dos motores 1.0 - explica.

Dessa forma, acrescenta Kalume Neto, além de ser uma opção mais econômica, esses motores puderam começar a ser utilizados em uma faixa de modelos mais ampla.

Em um mundo de tendências mutáveis e consumo imediato, as redes de fast fashion (lojas de departamento, por exemplo) correm contra o tempo para acompanhar o que está na moda. Nadando contra a maré, o slow fashion vem se tornando a opção de muitas marcas, que trabalham com peças produzidas por demanda. Em Novo Hamburgo, polo da indústria da moda no RS, vários ateliês já funcionam com modelos limitados, mirando na sustentabilidade. É o caso da Liss Leather Bags, da empresária Kátia Guimarães (foto acima). Com produção local e mão de obra artesanal, as bolsas são confeccionadas conforme a encomenda.

- Estoque é dinheiro parado. Dessa forma a gente consegue respeitar os ateliês, com um tempo humanizado de produção e oferece uma peça exclusiva para as clientes - conta Kátia.

Outra marca do Vale dos Sinos, a Authentica Leatherwear segue o mesmo método de produção. A loja tem alguns modelos a pronta-entrega, mas a ideia é que as clientes participem de todo o processo de confecção das roupas. A empresária Cíntia Voges (foto menor), à frente da marca, conta que outra vantagem é a possibilidade de ajuste para todos os tipos de manequins:

- Os corpos mudam e nós conseguimos entregar algo que, além da qualidade, se ajusta em nossas clientes.

PARTICIPAÇÃO DOS AUTOMÓVEIS COM MOTOR MIL

(em relação ao total de veículos de passeio emplacados)

2012: 39,2%

2013: 36,8%

2014: 36,7%

2015: 34,5%

2016: 33,8%

2017: 35,4%

2018: 35,9%

2019: 39,5%

2020: 48,3%

2021: 43,9%

2022: Jan-mai 47,8%

MAIO 51,9%


RAÍSSA DE AVILA

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