MOBILIZAÇÃO PARA APLACAR A FOME
Mesmo que ainda seja preciso esperar mais detalhes sobre a iniciativa, é meritória e oportuna a ideia capitaneada pela Assembleia Legislativa gaúcha de lançar uma ação contra a insegurança alimentar. O chamado Movimento Rio Grande Contra a Fome, que deve ser oficialmente lançado na próxima semana, vai reunir ainda os demais poderes, Executivo e Judiciário, e os órgãos com autonomia administrativa e financeira do Estado. A intenção é sensibilizar a sociedade para que se ampliem as doações destinadas a quem tem pouco ou nada para comer.
As mobilizações de empresas, entidades civis e cidadãos para aplacar a fome foram intensas no período mais agudo da pandemia. O ímpeto solidário, no entanto, arrefeceu com o passar do tempo. É algo até de certa forma esperado, especialmente a partir da reabertura das atividades econômicas que permitiram a mais pessoas voltar a buscar ocupação e renda, mesmo que na informalidade. Mas a insegurança alimentar persiste em níveis preocupantes no país e, no Rio Grande do Sul, não é diferente.
O FGV Social divulgou há poucos dias dados que mostram uma dolorosa realidade. As informações foram analisadas a partir do Gallup World Poll, com estatísticas de 160 países no mundo. Conforme o levantamento, o percentual de brasileiros sem recursos financeiros suficientes para alimentar a si ou a sua família aumentou de 30% em 2019 para 36% no ano passado. É uma penosa e inédita marca, conforme a observação dos números desde 2006. Foi ainda a primeira vez que o país superou a média mundial neste cruel indicador. Outro detalhe preocupante é que a taxa entre as mulheres é bem mais alta: 47%.
Se espera que a melhora no mercado de trabalho, com a criação de mais vagas formais e postos informais nos últimos meses, mitigue um pouco essa adversidade. Mesmo assim, a conjuntura ainda é desfavorável mesmo para os ocupados. A renda permanece em queda, e o preço dos alimentos segue em alta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) mostra que o custo da comida subiu 14,02% em 12 meses, até maio.
São válidas, portanto, iniciativas voltadas a sensibilizar quem tem condições de doar, contribuindo para amenizar o sofrimento de cidadãos despossuídos. Conforme o noticiado, após o lançamento, mais entidades e instituições públicas e privadas poderão se somar a esse esforço, aderindo ao pacto. Estão nos planos um site na internet para informar como serão operacionalizadas as contribuições, assim como a escolha de um chamado Dia D para ser o ápice da mobilização, que também deve recolher agasalhos, algo também relevante em função da chegada do período mais frio do ano. A distribuição dos donativos deve ficar a cargo da Defesa Civil.
Os gaúchos já deram provas reiteradas de solidariedade e empatia quando chamados a colaborar e, sem dúvida, mais uma vez não hesitarão em ajudar nessa nobre causa.
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