sábado, 18 de junho de 2022


18 DE JUNHO DE 2022
ESPIRITUALIDADE

MIGRAÇÕES

Somos todos seres migrantes. Emigrando e imigrando sem parar. Saindo e entrando. Do útero materno ao mundo externo e querendo voltar ao estado fetal. Entrando e saindo do céu e do mar, da terra e das matas, das tabas e das casas, das tribos e das famílias, de empregos, de amigos, de relacionamentos, de escolas, de trabalhos, de vidas. Estamos sempre migrando, nos movendo e sendo movidos pelos arroubos das necessidades e dos vícios.

Viemos da África e da Oceania, viemos da Ásia e das ventanias. E antes disso, onde estávamos? Nas Europas mestiçadas por tantas invasões?

Será que nos fixaremos em algum lugar? De onde viemos e para onde vamos? Existe algum estado físico, mental, social, imutável? Ou estamos todos fluindo com a existência, sem pausa, sem começo e sem fim?

Nosso DNA contém muitas vidas, milhões de vidas passadas, futuras, presentes no agora. Caminhávamos, corríamos, cavalgávamos, navegávamos e agora voamos à procura de alimentos, de água, à procura de poder, de lucro, de vantagens, à procura de amor, de afeto, de atenção, de visibilidade e aceitação.

Insaciáveis são nossos desejos, apegos e aversões. Atravessamos mares e rios, céus e terras. Escalamos as montanhas mais altas e os muros que erguemos entre nós, como se pudessem segurar as ondas migratórias. Que nada.

Sós ou em grandes bandos, sempre migrando. Como as aves, peixes, mamíferos e vírus.

No passado e no presente, nos juntamos em tribos, grupos, partidos. Sempre partindo e repartindo sem dividir os bens, o poder, o pão. Querendo mais e mais numa ganância infinita de poder.

O que é o poder? Seria mandar? Fazer o que tiver vontade de fazer e ter seguidores, súditos, obedientemente seguindo seus mandos e desmandos?

Ditadores disfarçados de democratas, sem admitir o castigo eterno de jamais se tornar satisfeito. Biliardários incapazes de cuidar dos mais pobres e mais fracos. Querendo mais e mais. Espíritos famintos.

O que nos sacia não é fama e lucro, não é poder e força, não são armas nem exércitos, bombas e mísseis, guerras biológicas e trágicas. O que nos torna satisfeitos? Comer tanto até estourar? Beber tanto até perder a consciência? Falar tanto até perder a capacidade de juntar palavras em frases compreensíveis? Seria um estado de alegria permanente ou de tristezas incandescentes? Seria a depressão sem cura ou os estados alterados de êxtase?

Cuidado!

Assim como emigramos - saímos de nossas casas, famílias, países, culturas -, também imigramos para novas casas, famílias, países, culturas. Se fisicamente o temos feito, através dos milhares de anos, na jornada da espécie humana, também o fazemos nesta mesma jornada humana através de migrarmos entre os vários processos mentais de saber e não saber, de amar e de odiar, de procurar a verdade e falar mentiras, atraídos pelas fake news, que nos seduzem pela fome de visibilidade - mesmo que seja para abandonar os valores da verdade e do bem para migrar para o falso e perverso. Anti-heróis e anti-heroínas chamam atenção e causam tensão social. Fama e fortuna podem nos deixar vazios e sedentos de algo que desconhecemos, pois nunca havíamos buscado: a verdade.

O encontro com si mesmo é o encontro com o todo. Qualquer local é o seu reino e todos são seus irmãos e irmãs. Toda a grande natureza e tudo que existe.

Não há súditos, senhores e senhoras, escravos e servas. Há um estado mental de tranquilidade e paz, pleno de sabedoria que pode acompanhar você durante todas as vidas. Mas é preciso esforço e decisão, resiliência, paciência e doação, meditação e sabedoria com muita ternura e compaixão para que possamos migrar da negação ao despertar. Mãos em prece

ESPIRITUALIDADE

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