sábado, 11 de junho de 2022



11 DE JUNHO DE 2022
LEANDRO STAUDT

Origem da expressão "mãe do Badanha"

Volta e meia, a mãe do Badanha é colocada em uma conversa entre gaúchos. Uma expressão regional que pode ser usada em diversas situações, desde uma brincadeira entre amigos até uma curta e estúpida resposta de um desconhecido. Quem é responsável pela bagunça? O debochado dirá que é a mãe do Badanha. Quem pode resolver o problema? O sujeito sem paciência ou reposta correta gritará que é mãe do Badanha.

Em 1965, em crônica de um jogo do Inter com o Fluminense, o jornalista Sérgio Jockymann escreveu no Diário de Notícias que um jogador do clube carioca "driblou toda a defesa do Inter, até a mãe do Badanha". Em pesquisa nos jornais antigos, localizei a expressão a partir da década de 1950. Badanha jogou futebol, chegou a atuar pela seleção gaúcha. Um centromédio do tempo em que volantes eram chamados de centromédios. Silvio Gomes Luz, o Badanha, fez carreira em times da capital gaúcha. Vestiu as camisas de Porto Alegre, São José, Grêmio e Renner nas décadas de 1930 e 1940.

Em 1942, os jornais do Rio davam como certa a contratação do porto-alegrense pelo América. O periódico A Noite chegou a publicar a manchete "Badanha vem aí". Pelo jeito, o Grêmio foi mais rápido e o tirou do São José. Badanha fez parte do time que conquistou o primeiro título profissional do Renner, em 1947.

Badanha precisava proteger a defesa do time, mas quem levou a fama foi a mãe. Reza a lenda que ela marcava mais do que Guiñazu e Dinho juntos. Na época em que o futebol começava a ser profissional, a mulher seria linha-dura nas negociações com os cartolas. Quando começou a trabalhar no final da década de 1960, o jornalista Cláudio Dienstmann, um pesquisador do nosso futebol, recorda da expressão "mãe do Badanha" já estar consolidada entre os porto-alegrenses. Ele conta que a mulher teria ficado com a fama de chata nas redações esportivas. A mãe considerava o filho "um craque" e reclamava das análises sobre o desempenho dele em campo.

Quando aparecia na portaria dos jornais, logo diziam: "lá vem a mãe do Badanha". As rádios ajudaram a popularizar a expressão. Com o tempo, surgiram derivações como "a vó do Badanha" e "a casa do Badanha". Qual o nome da mãe do Badanha? Ninguém sabe. Se eu ficar insistindo, vão mandar perguntar à mãe do Badanha.

LEANDRO STAUDT

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