terça-feira, 4 de janeiro de 2022


Edmar Bacha: da infância ao Plano Real

Edmar Lisboa Bacha nasceu em Lambari, interior de Minas Gerais, em 1942 e tornou-se um dos mais importantes intelectuais brasileiros . Em No país dos contrastes - memórias da infância ao Plano Real (História Real - Intrínseca, 240 pág, R$ 62,00), Baccha retrata, com o conhecido brilho intelectual e a escrita elegante, a passagem pela lendária Universidade de Yale , os trabalhos no IBGE, na UFRJ, na presidência do BNDES e a participação nos Planos Cruzado e Real, este último possivelmente o melhor e maior fato histórico de nosso Brasil.
Na apresentação, escreveu Fernando Henrique Cardoso: "Li com discreto prazer este livro de Edmar Baccha. Bem-escrito, mais parece sair da pena de um literato: o texto claro mostra que não há contradição entre ser bom técnico e saber escrever... Entre nós, brasileiros, sua versatilidade na escrita e a sua crítica aguda ficaram conhecidas mais amplamente pelo que escreveu sobre a Belíndia, quer dizer, sobre um país imaginário que tem muito a ver com o nosso e com outros mais: enfrenta os desafios da pobreza e a necessidade de crescer economicamente para poder distribuir melhor a riqueza."
Com acuidade e precisão, Baccha traz memórias familiares com parentes que marcaram a vida intelectual e pública brasileira, referências à sua longa e variada produção acadêmica, trata de marcos fundamentais da história econômica e o faz sempre com o pensamento e a ação de buscar um Brasil melhor, focado na "economia do desenvolvimento". Baccha organizou e escreveu mais de vinte livros, é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2017 e recebeu o Prêmio Jabuti de 2019 pela obra 150 anos em busca da República, publicado pela Editora Intrínseca.
Neste momento complicado em termos de política, economia, ética e outros aspectos, a obra de Baccha serve como inspiração para a busca de caminhos para nosso conturbado Brasil, que precisa deixar de ser o eterno "país do futuro" para ser a nação que todos merecemos.

a propósito...

Bom, feita a retrospectiva de costume, agora é falar um pouco em projeções para 2022. O negócio no ano que vem é tentar buscar mais entendimento, paciência e respeito pelo outro. Acho que vamos precisar de muito diálogo, enormes doses de liberdade e toneladas de democracia verdadeira para encarar as disputas, polarizações e eleições. Temos aí umas doze vias pela frente. Vamos com calma e olho de lince, conversar e divergir sabendo que violência, destruição e radicalismos não deram certo, em lugar nenhum do mundo. A pandemia nos ensinou algumas coisas sobre nossos tamanhos, pretensões e realidades. Ótimo 2022 para meus queridos vinte e dois leitores fiéis e altamente pacientes. Obrigado, obrigado por tudo.

2021 - 2022

Nestes noventa minutos de 2021 , que deve ter alguma prorrogação, vale lembrar Carlos Drummond de Andrade, que no poema Passagem do ano escreveu: O último dia do ano / não é último dia do tempo. / Outros dias virão / e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida. O mundo não acabou em 2021 e, se tivesse acabado, outro mundo teria nascido. Como disse Mario Quintana, o tempo é só um ponto de vista dos relógios e, assim, vamos virando com calma e alegria a folhinha e encontrando um calendário novinho em folha, branco como caderno de estudante antigo no primeiro dia de aula ou como a pele dos bebês que nasceram por esses dias.
2021 foi bem movimentado e, em janeiro, iniciou a vacinação no Brasil, que felizmente brecou danos maiores causados pela covid-19. Entramos no respirador e agora parece que saímos, mas sempre de olho na prevenção e ainda temerosos com a chegada da Ômicron. Como sempre, nessa época, fazemos uma retrospectiva para lembrar do que passou e aprender com o que vivemos, e aí olhar para frente e seguir tentando não repetir os erros do passado .
2021 foi um ano em que tivemos que exercitar a resiliência e a esperança, mais do que nunca. Chegamos ao fim do ano, ainda bem, com 140 milhões de pessoas totalmente imunizadas ,mostrando que somos o país da vacina, entre outras qualidades que temos. Bares, restaurantes e casas de espetáculo reabrindo e vendas boas no final de ano, com muita gente, claro, deixando para a última hora as comprinhas de Natal nos animam. Se a economia melhorar, a política, como costuma acontecer, vai ficar menorzinha e aí é melhor para todos.
Nos emocionamos com as Olimpíadas, ficamos preocupados com a volta do temível dragão inflacionário e estamos de olho na maior crise hídrica no país nos últimos anos. Ficamos e ainda estamos tensos, muito tensos, com as tensões que existem entre os três poderes "harmônicos e independentes entre si " previstos na Constituição "Cidadã" de nossa ainda novel República.
Nós, cidadãos, we the people , com dizem nossos brothers norte-americanos, esperamos que baixe uma enorme tempestade de algodão entre os cristais lá de Brasília. Cristais, alguns, não muito cristalinos, alguns até inquebráveis como aqueles velhos vasos ruins, mas não me aprofundo demais nessas tenebrosas transações e elucubrações e não vou citar, nem morto, nomes nessa hora, porque é fim de ano, não quero arrumar maiores problemas e também não quero estragar a festa de réveillon, que será com as comemorações e bebemorações de estilo.
Neste final de ano o negócio é relaxar, dar graças a Deus por estar vivo, procurar entender que o relacionamento conosco mesmo, com os parentes e com os amigos é o que importa mais nessa rápida passagem pelo planeta e ser agradecido pelo que de bom recolhemos num ano assustadoramente pandêmico. Aprendemos a valorizar as essências, a observar melhor nossas almas e as dos outros. Aprendemos que dá para ser mais simples, mais solidário e mais sereno.

lançamentos
Minha vida profissional - Paulo Olímpio Gomes de Souza (Editora AGE, 216 pág), fotobiografia profissional do consagrado advogado, promotor de justiça, professor e comunicador, traz noventa anos de labor: trinta de advogado, trinta de promotor e mais de trinta como professor. O valor arrecadado com o livro será doado a entidades beneficentes.
O risco de cair é voar - Mors certa, hora incerta (Editora Ballejo Cultura & Comunicação, 160 pág, R$ 49,00), de André Islabão, médico internista, aponta para a importância de se falar sobre a morte. A obra dialoga com a filosofia e homenageia José Walter de Castro Alves, jornalista falecido de câncer em 2020.
Amazônia - Uma década de esperança - Como o Brasil controlou o desmatamento entre 2004-2014 e está pondo tudo a perder (Estação Liberdade, 264 pág, R$ 53,00) de João Paulo R. Capobianco, aclamado biólogo e especialista em Educação Ambiental, relata o que foi feito em prol do desmatamento no Brasil.

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