03 DE JANEIRO DE 2022
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
TI cria 10,8 mil vagas e 7,9 mil empresas em três anos no RS
Setor movimentou, em 2020, R$ 23 bilhões no Rio Grande do Sul, o equivalente a 5,4% do faturamento total no país
Um segmento que caminha a passos largos para a maturidade. Assim, empreendedores e especialistas definem a evolução da tecnologia da informação (TI) no Rio Grande do Sul, após a abertura de 7,9 mil empresas nos últimos três anos. O salto corresponde a avanço de 50,3% de 2018 a 2020, e mantém o Estado na quinta posição entre as demais unidades da federação, segundo estudo da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), encomendado junto à consultoria Neoway.
Conforme a pesquisa, os 23,9 mil negócios gaúchos de base tecnológica movimentaram R$ 23 bilhões no ano passado. Isso equivale a 5,4% do faturamento nacional, que chegou a R$ 426,9 bilhões em 2020 - com 40% do montante concentrado em São Paulo. O desempenho gaúcho também criou 10,8 mil postos de trabalho no período de três anos, elevando a 55,2 mil a quantidade de empregos vinculados ao setor.
Quinto Estado em número de empresas, quarto no faturamento e nos empregos, o Rio Grande do Sul até poderia perder o destaque quando o foco está no incremento percentual registrado pelos cinco melhores do país no triênio. É que, de 2018 a 2020, Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo, ascenderam 27,9% e 37,3%, respectivamente, no quesito colaboradores, enquanto a alta gaúcha foi pouco mais modesta, de 24,3%.
Por outro lado, mesmo em escalada menor nas contratações, o RS lidera a evolução de faturamento com 11,6%. Acima de Minas Gerais ( 11,1%), de São Paulo (8,9%) e do Rio de Janeiro (7,7%). Isso significa que a produtividade, ligada à solidez do segmento, segue fortalecida, avalia o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado, Luís Lamb. Segundo ele, esse tipo de crescimento é significativo, porque já parte de uma base tecnológica histórica e robusta.
- Sempre fomos um polo, por uma cultura construída ao longo de décadas. A primeira incubadora de TI foi criada na UFRGS, há 25 anos, quando não existiam parques tecnológicos. Os números que ocorrem aqui são de forma bastante sustentada - declara.
Lamb lembra que o Rio Grande do Sul, recentemente, gerou série de empresas que já se tornaram referências internacionais - caso da Zenvia e da Nelogica. Outras, diz, galgaram projeção nacional e aportes pesados no ano passado, como Warren, Agibank e Aegro.
Além disso, ele recorda de multinacionais instaladas. Exemplo da SAP, que tem a sua maior sede da América Latina no Estado e, constantemente, está em expansão.
- Nosso capital humano é muito qualificado. Aliás, esse é o desafio: formar capital intelectual suficiente para sustentar a demanda do mercado. A nova economia é centrada em pessoas e no preparo destes profissionais - pontua.
Formação
Na mesma linha, o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no RS (Assespro-RS), Julio Ferst, avalia que o ecossistema gaúcho é mais consolidado do que em outros Estados. Isso ocorre, diz, por contar, há mais de 20 anos, com polos de inovação e parques tecnológicos.
Por essa razão, Ferst constata que, muitas vezes, os percentuais de expansão gaúchos podem ser menos expressivos do que em unidades da federação que começam, agora, a organizar o ambiente. Para o dirigente, é menos complicado avançar 50% sobre base reduzida de empresas do que em cenário mais maduro e organizado.
Segundo ele, ainda que o setor tenda a dobrar de tamanho a cada ano, o fator limitador será a mão de obra. Com 7,9 mil novos negócios e 10,8 mil empregos em três anos, a média gaúcha, por exemplo, fica em 1,36 vaga por empresa.
- O que nos trava é a formação de pessoas e a necessidade de incentivos. Precisamos olhar para a TI como se fosse um dos setores tradicionais e entender que, assim como no agro, se faltar água, a economia irá mal, na tecnologia, se faltar pessoas, a economia será prejudicada - compara.
RAFAEL VIGNA
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