Vivendo o último dia
O Livro
No último dia 29 de outubro comemoramos o Dia Nacional do Livro. A escolha da data deu-se em homenagem ao dia em que foi fundada a Biblioteca Nacional do Brasil, localizada no Rio de Janeiro, quando a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para a colônia em 1810.
Desde a Antiguidade, com os primeiros registros gráficos em papiro, depois substituído pelo pergaminho, que podia ser costurado, passando pela chegada do papel na Idade Média e a invenção da prensa por Gutenberg, até nossos modernos livros digitais, o caminho foi longo. Aqui e ali disseram que o livro tinha morrido e uns disseram que o velório foi concorridíssimo. Hoje mesmo com tantos sons, imagens e livros digitais, o velho e bom livro impresso segue sua trajetórias. Muitas pessoas não leem um livro inteiro, apenas trechos. Outras acumulam por vezes dezenas de livros na cabeceira e leem trechos de cada um, simultaneamente.
O certo é que o livro impresso é um dos objetos de design mais revolucionário, bonito e prático que a humanidade criou e que sua leitura silenciosa e solitária ainda é uma experiência incomparável. Nada contra cinema, TV, telas de todo tipo e tamanho (algumas, por exemplo, em leitores de livro, tentam imitar o livro impresso), mas o fato é que a leitura do livro impresso é uma forma única de incentivar a imaginação, a fantasia, a inteligência, o raciocínio e a percepção variada.
Está aí a nossa imortal, querida e sempre "a mesma melhor a cada ano" Feira do Livro, para motivar ainda mais a leitura, que é o terreno da criação, da liberdade, da democracia, da pluralidade e da imaginação infinita. Lendo estamos sozinhos e acompanhados, somos muitos, em muitos lugares, em muitas cidades e países, com nosso "jardim portátil", que é o livro. Podemos viajar ao redor das paredes de nossos quartos, bem como no título do clássico de Xavier de Maístre, Viagem ao redor do meu quarto.
O gigante perene argentino Jorge Luis Borges disse: "Sempre imaginei que o paraíso fosse um tipo de biblioteca". Muitos pensam que o paraíso é uma praia, uma mansão, um iate, um jardim, um palácio ou quem sabe os campos de uma fazenda. Bom, cada um pode escolher seu paraíso.
Há 26 anos escrevo esta coluna Livros, seguindo os legados deixados por Paulo Fontoura Gastal e Danilo Ucha. Democracia, pluralidade, autores novos e consagrados, livros locais, estaduais, federais e internacionais. Temas e editoras diversos, visões variadas e, sempre um espírito de liberdade, carinho e respeito pelo livro. Livros tem vidas e destinos imprevisíveis, como têm as pessoas. Autores vão e vêm e o tempo e os leitores seguem sendo os melhores juízes.
Os críticos e as academias cumprem seu papel, mas ao fim e ao cabo, Dom Quixote vai vencendo os séculos porque os leitores assim o desejam. Os leitores são meio Quixotes e meio Sanchos e se identificam com esse que é dos romances mais revolucionários e importantes da história da literatura. Nosso Machado de Assis segue escrevendo cada vez melhor no Brasil e em muitos lugares do mundo... imortalizado pelos leitores.
A propósito...
Lançamentos
- O Quinto Movimento- Propostas para Uma Construção Inacacaba (JÁ Editora, 252 páginas), do ex-deputado federal e ex-ministro Aldo Rebelo, propõe grandes diálogos e união para a construção da identidade nacional brasileira e para a criação de um País com mais desenvolvimento, em várias áreas.
- Destrave sua vida (Luz da Serra, R$ 48,00, 248 páginas) é assinado pelos autores Bruno Gimenes e Patrícia Cândido, consultores em desenvolvimento pessoal e espiritualidade que convidam os leitores a não ter medo, culpa e vergonha e buscar sua realização pessoal e profissional.
- O Império Brazileiro - 1822-1889 (Avis Rara, 288 páginas, R$ 64,90), de Manuel de Oliveira Lima, um dos maiores historiadores brasileiros, é uma obra importante sobre um país muito próximo ao fim do período monárquico e que traz os momentos mais relevantes para a fundação do Brasil.
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