segunda-feira, 8 de março de 2021


08 DE MARÇO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

A SUPERAÇÃO DO DILEMA

Toda colaboração possível para acelerar a aquisição de vacinas contra a covid-19 é bem-vinda e essencial para o país começar a virar o capítulo trágico da pandemia. Diante dos movimentos dúbios do governo federal e da lentidão do próprio Ministério da Saúde para fechar contratos, deve ser recebida com alívio a aprovação pelo Congresso da possibilidade de Estados e municípios também comprarem imunizantes. O novo pico de mortes e hospitalizações, após a sensação, no final do ano passado, de que o pior parecia ter passado, comprova que apenas quando todos os brasileiros elegíveis receberem as suas doses será possível deter a marcha de mortes e dar início a uma recuperação consistente da economia, com a volta segura ao trabalho.

Neste momento, Estados e municípios, de forma isolada ou em consórcios, tentam acelerar tratativas com laboratórios para assegurar novas remessas para o país. Por mais que não exista certeza de quando poderiam acontecer as entregas, não é possível mais deixar para depois as negociações e tampouco confiar no Planalto, que segue demonstrando uma incrível inabilidade em garantir as quantidades de que o país com o segundo maior número de vítimas fatais precisa. Esta pressão, por outro lado, também parece ter feito o governo federal acordar da letargia, como mostrou o anúncio do ministro Eduardo Pazuello, na semana passada, de que estaria próximo de assinar com a Pfizer e com a Janssen. Uma boa sinalização, mas apenas promessa, por enquanto.

Da mesma forma, é positivo que a iniciativa privada também entre nesta corrida de interesse nacional. Afinal, se algo próximo da normalidade não for restabelecido, a economia e as empresas continuarão sofrendo com reflexos no mercado de trabalho e nas contas públicas. É preciso ressaltar que as aquisições pelas companhias, em um primeiro momento, serão doadas ao SUS para uso no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Apenas após a vacinação dos grupos prioritários pela rede pública, a iniciativa privada poderá adquirir mais imunizantes e, mesmo assim, metade deve ser outra vez repassada ao SUS. Uma saída sensata para conciliar o dever de não criar privilégios com o ato de acelerar a compra das vacinas.

Economistas começam a projetar que, com o recrudescimento da economia, o PIB brasileiro do primeiro trimestre deve ser negativo, dificultando ainda mais a recuperação da atividade em 2021, após a retração de 4,1% no ano passado. Sem saúde não há economia, sentenciou na semana passada o ministro Paulo Guedes, fazendo coro à certeza de que apenas a vacinação em massa permitirá o retorno pleno de todos os setores a um ritmo mais forte e contínuo. Caso contrário, o país seguirá meses e trimestres a fio mantendo o prejudicial e desgastante abre e fecha, de acordo com o repique da pandemia e da contabilidade macabra de mortes. Um eventual dilema entre saúde e economia está superado. Já existe a solução, comprovada em outros países mais ágeis e coesos. Com exceção de um número ínfimo de excêntricos, para usar uma palavra leve, há consenso de que apenas a vacinação maciça e rápida da população será capaz de resgatar o país do fundo do poço. Agora, a ordem é mobilizar e pressionar. 

OPINIÃO DA RBS

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