03 DE MARÇO DE 2021
CHAMOU ATENÇÃO
O gambito do WhatsApp
Enxergar as jogadas pelas mãos é como Oneide de Souza Figueiredo, 57 anos, define o xadrez:
- O tabuleiro é visto pelo toque.
Com mais tempo em casa devido ao distanciamento social imposto pela pandemia, o servidor público estadual decidiu dividir seu conhecimento sobre xadrez a partir de grupos de WhatsApp. Em seu apartamento, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, criou o projeto Xeque-Mate para Todos. Pelo aplicativo, reúne 70 alunos, além de 30 professores de diversos Estados.
Com cegueira total desde o nascimento, Figueiredo virou referência no jogo e hoje integra a diretoria da Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais (FBXDV). Além da paixão pelo tabuleiro, define as horas dedicadas ao passatempo como maneira de combater a saudade dos encontros com outros jogadores.
- Cresceu demais o número de pessoas que querem aprender a jogar xadrez. Teve a série O Gambito da Rainha, que popularizou ainda mais - afirma, ao citar a obra da Netflix que conta a história de uma enxadrista e que venceu dois prêmios no Globo de Ouro no último domingo.
Para atender à necessidade dos deficientes visuais, participantes usam superfície de madeira adaptada, com pinos de fixação sob as peças. O encaixe abaixo de cada peão, torre, cavalo, bispo, dama e rei permite que o jogador encoste em cada um sem receio de derrubar.
- Para nós, a jogada começa quando se levanta a peça - diz.
O jogo segue as demais regras de jogadores com visão plena, e as adaptações se restringem à construção dos itens: as pretas têm o topo pontiagudo, e as casas da mesma cor são elevadas em relação às brancas, expedientes que possibilitam que o cego identifique o seu campo. Quem quiser participar do grupo deve contatar o instrutor pelo telefone (51) 99835-3585.
TIAGO BOFF
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