sexta-feira, 29 de janeiro de 2021


23 DE JANEIRO DE 2021
CLAUDIA TAJES

O bom senso adverte: grupo de zap faz mal à saúde

Quando tudo mais falhou, só sobrou a CoronaVac, a vacina produzida pela China. Aquela que passou meses sendo desacreditada pelas autoridades, alvo das mais doentias teorias da conspiração nos grupos de zap.

Nada a estranhar, uma vez que as mesmas teorias insistem que o vírus foi criado em um laboratório chinês com vistas aos futuros, e astronômicos, lucros com a venda da vacina.

Ia esquecendo: também já se disse que o coronavírus se dissemina por meio do sinal 5G, a próxima geração da rede de internet móvel. O que explicaria o interesse da China no novo negócio da telecomunicação: vender vacina, óbvio.

Fato é que a contaminação só aumenta. E que, em vez de fazer o que deve ser feito, medidas básicas como evitar aglomerações, usar máscara e sempre lavar as mãos, o pessoal prefere tocar o terror nos grupos de zap.

Foi nesses fóruns da ignorância que tomamos conhecimento - olha a contradição em termos - dos danos que os termômetros do tipo infravermelho, esses que os shoppings e restaurantes usam para medir a temperatura dos clientes, causariam ao cérebro.

Quem acredita nisso, com todo respeito, já deve ter um dano no cérebro. Em todo caso, os estabelecimentos comerciais resolveram o assunto passando a medir a temperatura das pessoas no pulso. Fazer mal ao pulso da galera vai parecer menos grave para o zap, devem ter avaliado.

Sobre a tese de que o uso da máscara pode levar à morte pela retenção do gás carbônico, melhor nem comentar. E sobre a cloroquina e demais remédios prescritos por alguns durante essa longa pandemia, a Anvisa - que é um órgão do governo - tratou de esclarecer no domingo passado: além da vacina, nenhum outro tratamento apresenta a mais mínima eficácia. Ponto.

Nada que tenha sossegado os grupos de zap.

Entre as preocupações manifestadas por eles está a de que a CoronaVac insira um microchip no corpo do vacinado, veículo através do qual os chineses espalhariam o comunismo entre a população mundial. O contágio seria rapidíssimo, uma verdadeira loucura.

Outro temor é o de que a vacina altere o DNA humano. Já foi dito: se você virar um jacaré, é problema seu. E olha que essa declaração nem se referia à CoronaVac, mas à vacina da norte-americaníssima Pfizer.

A boa notícia é que essa parece ser uma inquietação infundada.

Analisando alguns dos escolhidos para receberem as primeiras doses da CoronaVac no Brasil, todos apresentam uma das características mais desejadamente humanas da nossa espécie: a felicidade. Bem verdade que as enfermeiras e técnicas não puderam ficar expostas aos olhares, elas que já estão novamente escondidas por camadas e camadas dos EPIs necessários para trabalhar nas UTIs que tentam atender os milhares de pacientes de covid pelo país. Isso quando não falta oxigênio.

Já a dona Eloína, de 99 anos, que mora em um lar de idosos e foi uma das primeiras a ser vacinada, deve continuar rindo embaixo da máscara.

Como diz o Macaco Simão: eu tô tão louco para tomar vacina que já acordo de regata. Frase boa para grupo de zap, aliás. Bora espalhar.

CLAUDIA TAJES

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