08 DE JANEIRO DE 2021
INFORME ESPECIAL
Doria e Bolsonaro estão correndo a corrida errada
Tanto o governador de São Paulo quanto o presidente da República disputam o troféu de primeiro a vacinar contra covid-19. É a partir daí que montam suas estratégias e disparam, um contra o outro, munição de calibre pesado. Basta uma ampola de bom senso para concluir que Jair Bolsonaro e João Doria estão correndo a corrida errada.
A verdadeira, a que mais importa, a única que realmente vale um troféu, termina não na linha de partida, mas na de chegada. Mais importante do que o dia em que as doses começarão a ser injetadas é o dia em que o último brasileiro ficará imune à covid-19. E, se não há certeza nem sobre quando tudo se inicia, o cumprimento integral da missão se apresenta a uma distância incalculável.
Não temos seringas, não temos planejamento e não temos vacina. Mas temos 200 mil mortos. E uma disputa politiqueira por uma foto que represente o começo de mais uma daquelas obras públicas que começam com alarde, mas não têm dia para acabar. O presidente, o ministro e o governador só precisariam nos dar claramente uma informação: em que dia a vacinação acabará, ou seja, quando teremos doses, equipamentos e estrutura física e humana para impedir que mais brasileiros morram por algo que, agora, já pode ser evitado.
O alvo dos primeiros cortes da Fazenda de Porto Alegre
O novo secretário municipal da Fazenda de Porto Alegre, o mestre em Economia Rodrigo Fantinel, não é exatamente novo. Funcionário de carreira do órgão, já saiu jogando quando Sebastião Melo assumiu. Fantinel tem clareza do que precisa ser feito, a partir das diretrizes estabelecidas pelo prefeito Melo, pelo vice, Ricardo Gomes, e de suas convicções pessoais, alinhadas com a doutrina liberal.
Garantir receita sem aumento de carga tributária é o mantra mais recitado por ele. Para isso, planeja começar dando o exemplo, cortando despesas internas. Uma das principais é com os Correios, um investimento anual com o envio de cartas e carnês de cobranças que oscila entre R$ 6 e 7 milhões. Apostar em aplicativos, em parcerias e no pagamento de tributos com cartão de crédito, processo em andamento desde a gestão passada e que deve estar pronto em breve, são caminhos definidos. Realocar pessoal para rescindir alguns contratos de aluguel de prédios é outra decisão tomada.
Fantinel também tem a convicção de que o investimento em inovação é fundamental para uma cidade com visão de futuro. Integrado com outros segmentos da administração, avalia a concessão de incentivos para empresas desse setor que queiram se instalar em Porto Alegre. Ele acredita que essa ferramenta, se empregada com critérios objetivos, claros e inspirados por uma visão estratégica, é indutora de arrecadação de desenvolvimento. Já há negociações nesse sentido.
A indicação de Fantinel e do seu adjunto, Bruno Breyer Caldas, não foi prioritariamente determinada pela lógica política, e sim pela técnica. "Já estão me chamando aqui de Mãos de Tesoura", brinca o secretário, um gremista que gosta de corridas e treina para maratonas. Sem dúvida, vai precisar de fôlego nos próximos anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário