19 DE JANEIRO DE 2021
FORÇAS ARMADAS
Autoridades reagem após fala de Bolsonaro sobre democracia
Deputados e autoridades políticas e da Justiça usaram redes sociais ou deram entrevistas para comentar as declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, que afirmou ontem, em conversa com apoiadores no Palácio do Planalto, que "quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são suas Forças Armadas".
- O pessoal parece que não enxerga o que o povo passa, pra onde querem levar o Brasil, para o socialismo. Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não a apoiam - declarou o presidente.
O ex-relator da reforma da Previdência, deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP), disse que o presidente instiga a opinião pública a fim de criar desordem.
- É um irresponsável que cultiva o hábito de provocar a opinião pública, com o objetivo de criar confusão, porque é na confusão que ele pensa reinar. Quem garante a democracia é a Constituição - afirmou Moreira, além de pedir que Bolsonaro "pare de bla-bla-blá e comece a governar".
Rodrigo de Castro (PSDB), deputado federal por Minas Gerais, também se manifestou e afirmou que o papel das Forças Armadas está definido pela Constituição.
- A história nos mostra que, toda vez que as Forças Armadas extrapolaram a sua missão, a experiência foi extremamente negativa - afirmou Castro.
STF
Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) precisam estar atentos a Bolsonaro. "Só um cego não percebe o caminho que o presidente está traçando na sua trajetória", destacou. Seu colega José Serra (PSDB-SP) também se levantou contra o recado de Bolsonaro. "Trata-se de uma visão autoritária em estado puro. Quem quer a democracia é o povo. E às Forças Armadas cabe servir à democracia. Como, aliás, têm feito nos últimos anos", observou o tucano. O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann foi na mesma linha.
- Quem zela pela democracia, em primeiro lugar, é o povo, no uso dos seus direitos políticos. Em segundo, seus representantes e as instituições democráticas. Dentre estas, os poderes da República e as nossas Forças Armadas estão comprometidas com a democracia e a sua defesa - ressaltou.
Relator da Lava-Jato no STF, Edson Fachin disse ao jornal Estadão que duas pragas afligem atualmente o Brasil: a pandemia de covid-19 e "as mentes autoritárias e suas variações antidemocráticas".
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