14 DE JANEIRO DE 2021
INFORME ESPECIAL
O hino que já foi mudado
Motivados pela citação de uma cor, torcedores do Internacional mudaram, na prática, o hino do clube. Frequento o Beira-Rio desde piá e vi isso acontecer alguns anos atrás. Hoje, é natural que, depois da frase "num céu sempre azul", o estádio enxerte o grito de "Inter!!", que não faz parte da letra original. Nunca vi ninguém chamar isso de "revisionismo fascista", "burrice", "esquerdopatia" ou "estupidez", talvez porque as circunstâncias do futebol sejam menos sérias do que as motivadoras do debate sobre o Hino Rio-Grandense e sua frase "povo que não tem virtude acaba por ser escravo".
Mas aí cabe a pergunta: se é aceitável mudar um hino por um motivo menos sério, por que tanta gente que aceita isso fica irritada quando se inicia uma conversa sobre mudar um hino por uma razão bem mais importante?
Não é crime concordar ou discordar de que o Hino Rio-Grandense, mesmo sem intenção, transfere para as vítimas a culpa pela opressão, seja ela a da escravidão ou a do poder central no Brasil. Essa é uma boa conversa, que pode ser feita de forma civilizada por aqueles que realmente acreditam que o Vinte de Setembro foi o precursor da liberdade.
Nossas façanhas
Muitos dos que se opõem ao debate sobre a mudança do Hino Rio-Grandense repetem que são contra "o revisionismo histórico". É preciso alertá-los. Estão usando o termo de forma equivocada.
Entre os significados dessa expressão, podemos destacar um: a releitura distorcida de fatos históricos com o objetivo de construir narrativas que contrariem a verdade. Alguns exemplos: negar que houve tortura no Brasil. Negar que os índios foram massacrados nas Américas. Negar que o Holocausto aconteceu. Negar que Cuba de Fidel Castro era uma ditadura sanguinária. Há muitos outros repetidos tanto pela esquerda quanto pela direita, na esperança de que essa repetição os transforme em verdades.
O caso do Hino Rio-Grandense é diferente. Porque ninguém está querendo distorcer seu real significado. Ao contrário. Modificar a frase "povo que não tem virtude acaba por ser escravo" é zelar para que a letra diga exatamente o que quer dizer: que a escravidão, de qualquer espécie, é inaceitável e que ela não é culpa das vítimas, e sim dos opressores.
Memória farroupilha
O deputado Gabriel Souza, do MDB, reagiu com ironia em uma rede social ao saber que um projeto sugerindo mudar o hino do Rio Grande do Sul será protocolado na Assembleia. O autor da proposta, Luiz Fernando Mainardi, do PT, usou o mesmo veneno no contragolpe:
Legado
O deputado estadual Ruy Irigaray (PSL) protocolou um projeto de lei propondo que símbolos estaduais previstos na Constituição do Estado do RS, como é o caso do Hino Rio-Grandense, não possam ser mudados.
A justificativa apresentada pelo parlamentar é de que "a preservação dos símbolos representa a preservação da cultura gaúcha".
Questão central
Um dos entendimentos em evidência na prefeitura da Capital é de que o Mercado Público não deve, necessariamente, gerar receita de outorga para o município. Assim, quem desejasse administrar o local não teria de desembolsar um valor inicial.
Se a tese efetivamente prosperar, crescem as chances de os permissionários assumirem a gestão.
Conhecimento
O vice-reitor da Unisinos, Pe. Pedro Gilberto Gomes, foi nomeado pelo governador Eduardo Leite como novo presidente do Conselho Superior da Fapergs, fundação do RS que visa fomentar a pesquisa e a inovação em todas as áreas do conhecimento. Formado em Filosofia, com especialização em Teologia e mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação, Pedro também atua como professor na instituição.
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