Mais um teste comprova que a educação vai mal no Brasil
O que se faz ao receber o resultado de exames que confirmam a existência de uma doença grave no organismo? Inicia-se o tratamento o mais depressa possível para evitar que a doença se agrave. Assim deveriam agir os gestores públicos e os diretores de escolas privadas ao conhecer o resultado de mais uma avaliação que atesta o desastre da educação no Brasil. Estamos, mais uma vez, mal no Pisa, instrumento criado pela Organização o para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para medir a capacidade de compreensão de alunos na faixa dos 15 anos em leitura, matemática e ciências (leia mais na pg 16).
Mal saíram os resultados e os sabichões das redes sociais correram a culpar o governo A ou B, o educador Paulo Freire, o "fique em casa" do auge da pandemia. Isso mostra na prática o que o Pisa mostra em tese: a dificuldade de interpretar um texto ou de fazer contas simples não se limita aos meninos e meninas que se submeteram aos testes.
Na linha do tempo, o resultado do Pisa mostra que desde as primeiras avaliações, lá no governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil vai mal. Principalmente em matemática. Em duas décadas, o Brasil poderia ter dado o salto que a Coreia deu e do qual tanto se fala, mas não. Mesmo nos melhores anos, o resultado é desalentador. Um passo à frente, dois atrás.
O resultado divulgado ontem se refere a 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro, que captou os efeitos da pandemia. Os exames foram aplicados entre abril e maio do ano passado em 606 escolas brasileiras de 420 municípios, nas 27 unidades da federação, com pouco mais de 14 mil participantes. No ranking da OCDE, o Brasil ficou na 65ª posição em Matemática, 52ª em Leitura e 61ª em Ciências.
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