16 DE DEZEMBRO DE 2023
FLÁVIO TAVARES
DESINTERESSE OU FARSA?
Todos os governos e governantes falam das mudanças climáticas e prometem tudo fazer para evitar que se transformem em crise, extinguindo as formas de vida na Terra. Em 1992, assisti a Eco-92, no Rio de Janeiro, e ouvi discursos retumbantes de reis, presidentes de repúblicas e primeiros-ministros prevendo um apocalipse provocado pelo desprezo ao meio ambiente.
Agora, em Dubai, novos discursos em tom similar. Mas o documento final da reunião não menciona diretamente eliminar a extração e o uso dos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, principais causadores da crise do clima. Estabelece um "período de transição" até 2050, para que os quase 200 países presentes à reunião adaptem suas economias. A distante data fez o secretário-geral da ONU, António Guterres, exclamar: "Esperemos que não chegue tarde".
Nossa ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chamou o documento de "basilar", ou base para chegar à eliminação total dos combustíveis fósseis.
Mas pergunto: se o prazo de abolir os fósseis se estende até 2050, por que, no Brasil, a Agência Nacional do Petróleo leiloa supostas áreas petrolíferas em mais de 600 pontos do país, a começar pela Bacia de Pelotas, aqui no Estado?
Nem o "santuário" de Fernando de Noronha ficou fora do leilão. Se o arquipélago é "área protegida" e não pode receber mais do que pequeno número de turistas, por que transformá-lo em ponto de exploração de algo que, em 2050, já não se permitirá?
Há uma semana alertei aqui para as incongruências ou paradoxos entre a promessa do presidente Lula da Silva (no discurso na COP28) em defender o meio ambiente com a decisão de o Brasil entrar na Organização dos Países Produtores de Petróleo.
Agora indago se a reunião da COP28 em Dubai não terá revelado que as decisões burocráticas ficam nos papéis e nas intenções, virando desinteresse ou farsa?
Se der tempo, feliz vida enquanto dure o planeta.
A decisão do governador Eduardo Leite de "municipalizar" o ensino, dando às prefeituras a tarefa de educar, é algo temerário e perigoso.
Durante anos, fomos paradigma no Ensino Fundamental. Pelo país inteiro nos seguiam ou até nos copiavam. Hoje, jogamos fora o que foi modelo exemplar.
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