23 DE DEZEMBRO DE 2023
FLÁVIO TAVARES
NATAL & NOEL
O Natal aí está. E com ele, Papai Noel trazendo presentes e nos levando a presentear. Mas a data vai além dessa troca, pois presentear é uma forma de recordar o nascimento daquele menino que, adulto, proclamou o maior ensinamento a nortear nossas vidas: "Ama ao próximo como a ti mesmo".
Não é este o presente maior que a humanidade pode dar a si mesma?
Hoje, o comportamento humano e filosófico tem como pauta suprema o amor ao próximo. Por isso, amaldiçoamos as guerras e os conflitos, pois matar e destruir são a negação do amor. Aí estão as guerras da Rússia contra a Ucrânia ou entre o Estado de Israel e os palestinos do Hamas mostrando que não aprendemos sequer a dialogar. Muito menos a amar.
Aí estão as brigas ou desavenças entre os casais, substituindo o amor de ontem pelo ódio de hoje. Os crimes passionais e os feminicídios, hoje comuns, são pequena mostra disso, tal qual uma gota d?água no oceano.
Tudo isso (e muito mais ainda) se opõe ao espírito do Natal e dos presentes do Papai Noel. Natal e Noel estão unidos entre si, simbolizando o que os Reis Magos presentearam ao recém-nascido.
Em alguns países é hábito presentear no dia 6 de janeiro, que recorda a visita de Gaspar, Melchior e Baltazar à manjedoura da estrebaria em que nasceu o menino. Hoje quase se perdeu o costume de armar em casa os presépios natalinos, que nos templos católicos e luteranos chegavam a monumentais. Pouco se vê o pinheirinho de Natal ornado com globos símbolos de vida.
Mas o símbolo maior de amor que presenciei foi-me dado por quem não era religioso, nem comungava a visão cristã do Natal. Chamava-se Israel Wengrover e tinha uma fábrica de bonecas na Rua São Pedro, em Porto Alegre. Nas noites de Natal, saía às ruas com um saco às costas, distribuindo presentes à gurizada. Nascido num gueto judaico na Polônia, seu gesto era uma prova de amor ao país que o acolhera.
Contrariando tudo isso, agora a prefeitura da Capital deixou sem abastecimento de água alguns bairros da cidade, muitos deles habitados por gente humilde e trabalhadora, que nem sequer pode pretender festejar o Natal, pois água é vida.
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