09 DE DEZEMBRO DE 2023
FLÁVIO TAVARES
INCONGRUÊNCIAS E PARADOXOS
Incongruência e paradoxo não são sinônimos nem expressam a mesma visão. Em certos casos, porém, definem a mesma situação, pois um complementa o outro.
É o caso recente da posição do Brasil na COP28, a reunião de cúpula sobre as mudanças climáticas, em Dubai, nos Emirados Árabes. Lá, o presidente Lula da Silva comprometeu-se a tudo fazer para deter o aumento das mudanças climáticas, que em 2023 viraram crise e ameaçam a vida no planeta.
Mas destoando do que disse Lula, agora o Brasil busca fazer parte da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep). Para ampliar a contradição com a promessa de Lula da Silva na reunião da COP28, a Agência Nacional do Petróleo fará um leilão para ofertar mais de 600 áreas de produção em terra e mar.
A exploração e o uso dos combustíveis fósseis (como carvão e petróleo) são a causa principal da crise climática que bem conhecemos pelo horror das últimas enchentes ou, antes, pela estiagem, que afetou a produção agrícola e, assim, o abastecimento alimentar.
Essa contradição entre o que se diz com toda pompa e o que se faz na realidade não condiz com nada, menos ainda com as promessas de Lula da Silva. Não pretendo que nosso presidente seja um "salvador da pátria" que afaste o Brasil da crise climática. Espero, porém, que Lula não repita sobre a crise climática o velho refrão popular "não façam o que eu faço, só façam o que eu digo".
Os paradoxos e incongruências não são apenas de Lula. Começam no local da reunião da ONU, pois os Emirados Árabes Unidos são grandes produtores de petróleo, que é o maior responsável pela crise climática. Além disso, participam da reunião 2.456 representantes de grandes petrolíferas, de fato a maior delegação presente na COP28. O que foram fazer lá?
Em paralelo a esses desastres, as guerras entre Ucrânia e Rússia ou entre o Estado de Israel e o Hamas podem se transferir para a América do Sul com a decisão do governo da Venezuela de incorporar a região de Essequibo, abundante em petróleo, hoje pertencente à Guiana.
Blindados do Brasil já se deslocaram para o Norte, junto à Venezuela, alertas a eventual conflito.
Mas nossa guerra maior será derrotar a nova variante da covid-19, que já apareceu no Ceará e pode se estender a todo o país.
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