22 DE DEZEMBRO DE 2023
DANIEL SCOLA
Um desejo para 2024
Já falei aqui, mas convém lembrar. Em julho de 2021, descobri que era portador de um tumor na cabeça, no cerebelo, que fica logo abaixo do cérebro. Eu era um completo negligente com minha saúde. As eventuais dores de cabeça e tonturas não eram passageiras. Eu as curava com medicação para seguir a vida. Na verdade, eram, sim, muito sérias. O exame de ressonância magnética, indicado pelo otorrinolaringologista Otávio Piltcher, foi feito e, no mesmo dia, ele me comunicou - corretamente e sem meias palavras - que o tumor na minha cabeça poderia ser um câncer e precisaria ser removido imediatamente.
Quando ele me ligou, numa tarde gélida de inverno, eu literalmente perdi o chão. Tive que prosseguir, sentado numa poltrona, a conversa mais difícil da minha vida. Estava no auge da minha vida profissional e pessoal. Âncora e comentarista dos programas de maior audiência da RBS e pai de duas meninas lindas. Do nada, uma notícia ruim devasta tua vida.
Dali em diante, tive que fazer duas cirurgias, 33 sessões de radioterapia e seis ciclos de quimioterapia. Era tão negligente que acreditei que, em 30 dias, voltaria ao trabalho. Mal sabia que aquilo mudaria minha carreira de jornalista de forma permanente. Foram quase 12 meses de enfrentamento da doença. No dia 26 de maio de 2022, concluí um tratamento difícil. O mais duro para mim foi a quimioterapia. O fato é que, há um ano e meio, estou recuperado. Um processo tão difícil deixa sequelas. No meu caso, foi a voz, justamente meu instrumento de trabalho. Ainda bem, nunca perdi a capacidade de ler.
O tratamento contra o câncer não diferencia as células boas das ruins. Pior ainda é uma criança passar por isso. Meduloblastoma, o tipo de câncer que tive, é raro em adultos e mais comum em crianças. O pesado tratamento atrasa o desenvolvimento justo quando a criança está em crescimento. Por isso, existe uma organização chamada Medulloblastoma Initiative (@mbiinitiative), que busca a cura deste câncer. A filantropia é liderada por um empresário gaúcho - Fernando Goldzstein, cuja história já contei neste espaço - e financia os melhores pesquisadores do mundo.
Depois de tudo que passei e testemunhei, estou vivo para desejar saúde para todos na virada de ano.
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