Semana de quatro dias
Charge Espaço Vital
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Trabalhar quatro dias por semana está mais perto de se tornar realidade no Brasil. Pelo menos para 21 empresas que aderiram ao experimento conduzido pela Four Day Week Global, uma comunidade sem fins lucrativos que realiza projetos-piloto como esse em todo o mundo, e pela brasileira Felicidade no Trabalho (https://www.reconnecthappinessatwork.com). Os testes começaram na terça-feira e devem durar nove meses. A jornada será reduzida, mas o salário será o mesmo.
A produtividade também não pode cair. As etapas serão divididas em três meses de planejamento e outros seis dedicados à execução. Durante esse período, as empresas terão acesso a cursos, treinamentos, palestras sobre produtividade, diagnóstico organizacional das equipes e acompanhamento individualizado. Os objetivos são "melhorar a saúde mental e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional dos funcionários".
A iniciativa, inédita no Brasil, já foi testada na África do Sul, Nova Zelândia, Portugal e Reino Unido. Neste último, com mesma carga horária de trabalho do Brasil, de até 44 horas por semana, os resultados do projeto-piloto foram promissores. Segundo os organizadores, 39% dos participantes "se sentiram menos estressados", e 54% consideraram "mais fácil conciliar vida pessoal e profissional".
As áreas de atuação das 21 empresas inscritas no Brasil são advocacia, arquitetura, contabilidade, manufatura, desenvolvimento de softwares, publicidade, hotelaria, hospital, consultoria de recrutamento, alimentos, varejo, entretenimento e plataformas de tecnologia. Na única banca de advocacia inscrita - a Clementino e Teixeira Advocacia (de São Paulo e Belo Horizonte - a redução da carga horária será distribuída em dois dias.
"Nossa experiência será com uma semana que começa na segunda-feira à tarde e segue até a sexta-feira, às 12h. Não tiraremos um dia, mas sim dois períodos, porque temos audiências diariamente", afirma Soraya Clementino, sócia do escritório de advocacia, composto por 12 funcionários.
Penhora de bem de família
Mantida pelo Tribunal Superior do Trabalho a penhora de um imóvel residencial da sócia de uma locadora de veículos de Porto Alegre para pagamento de dívidas trabalhistas. O apartamento estava alugado, e, com base em documentos juntados, o julgamento concluiu "não ter ficado demonstrado que a renda do aluguel fosse destinada à subsistência ou à moradia familiar da sócia, o que afasta sua impenhorabilidade".
A microempresa Ecomobi Revenda de Veículos Elétricos fora condenada, com outras duas empresas do mesmo grupo (Infinity Multimarcas Comércio de Automóveis e Sumatra Participações Ltda.) ao pagamento de diversas parcelas a uma trabalhadora em razão do reconhecimento de vínculo de emprego. Na execução da sentença, a penhora recaiu sobre o apartamento da sócia Mariana Garbin Rodrigues, que estava alugado para outra pessoa. A proprietária tentou, sem sucesso, suspender a penhora com o argumento de "que era seu único imóvel e, portanto, bem de família, que é impenhorável". (Processo nº 20694-08.2016.5.04.0029).
Pérolas presidenciais
Ainda não vimos tudo! Lula defendeu, na terça-feira, o voto secreto dos ministros do STF, após críticas da esquerda ao novel Cristiano Zanin. O presidente da República disse que "a medida seria uma forma de controlar a animosidade no Brasil". Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Lula foi crítico dos decretos que colocaram em sigilo atos da gestão e prometeu, se eleito, revelar os segredos do adversário. No mandato, porém, mantém a falta de transparência na Presidência.
Textualmente, Lula afirmou agora que "ninguém precisa saber" os votos de ministros. "Eu, aliás, se pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. O cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber o resto". As pérolas presidenciais foram ditas ao vivo no programa "Conversa com o Presidente", produzido pela Empresa Brasil de Comunicação.
Assaltante e... reclamante
Charge Espaço Vital
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Era um juíza nova na idade e na carreira. Dava os seus primeiros passos, substituindo em uma das Varas do Trabalho de Porto Alegre. Na sua primeira semana de magistratura, ela vai - como recomendam a beleza e a vaidade - a uma estética existente nas proximidades, para os cuidados com cabelos e unhas. No local, apenas mulheres que conversam sobre o cotidiano.
Repentinamente ingressa um homem. Na mão direita, ele carrega uma pistola. Ordena que todas fiquem de joelhos e recolhe os pertences que estavam nas bolsas: celulares, carteiras, cartões de crédito, dinheiro, joias que ostentavam, etc.
Após a saída do elemento, por sorte sem nenhuma violência física, a jovem juíza comparece à polícia para as providências necessárias.
Passado o susto, retomando a vida, ela comparece no dia seguinte ao fórum trabalhista para cumprir a pauta das audiências.
Meio da tarde, realizado o pregão, ingressa na sala o reclamante; era o mesmo indivíduo que havia praticado o roubo. Ele fixa o olhar na juíza, revelando reconhecê-la. O que fazer? O saguão estava lotado por partes e advogados. A juíza, com sabedoria e calma, conduz a audiência até o final e, certamente, evita um tiroteio que atingiria muitos. A outra alternativa teria sido chamar a polícia, que ingressaria no prédio armada.
O relato foi feito pelo ex-magistrado trabalhista, ativo advogado e dedicado ex-dirigente do Inter, Roberto Siegmann. "Graças ao equilíbrio da então jovem magistrada, não conto hoje para o Espaço Vital uma triste história repleta de vítimas" - arremata ele, com precisão.
Tempos sombrios
Celso de Mello, ex-ministro do Supremo (de 17 de agosto de 1989 a 3 de outubro de 2020) alfinetou a ideia de Lula em prol do sigilo dos votos proferidos no STF.
Uma frase crítica diz tudo: "Os estatutos do poder numa República fundada em bases democráticas não podem privilegiar o mistério, porque a supressão do regime visível de governo, que tem na transparência a condição de legitimidade dos próprios atos, sempre coincide com tempos sombrios e com o declínio das liberdades fundamentais!"
A Vivo e o descaso à clientela
Durante quase 30 horas, o endereço físico onde o Espaço Vital é produzido ficou, segunda e terça-feira, sem internet, sem tevê, sem telefone fixo, sem sinal de celular, e com o 5-G transformado num ineficiente 3-G. As várias ligações (via celulares emprestados...) feitas pelo colunista para reclamar foram todas atendidas com o bordão "Ok, você está na Vivo". Depois, vinha um convite para aproveitar as ofertas "só hoje do Up Day" (?...). Seguiam-se incontáveis minutos de espera, após o que ouviam-se diferentes e contraditórias explicações. Soluções? Sem previsão... Boa vontade? Improvável... Gentileza? Não é o roteiro a cumprir...
Vivo é a marca comercial da Telefônica Brasil (que é de origem espanhola). É herdeira da infraestrutura da Telesp e posteriormente da GVT. Em 14 de dezembro de 2020, em um consórcio com a Claro e a Tim, a Vivo comprou os ativos da Oi, e ficou com a fatia maior do mercado: saltou de 32% para 37%.
Com 133 mil empregados e 113,7 milhões de clientes, a Vivo está espalhada em 5.046 cidades brasileiras. Seu valor de mercado é de R$ 96,6 bilhões. Seu lucro oficial em 2021 foi de R$ 6,22 bilhões. Busca-se com esta publicação, fazer chegar a três pessoas chaves na empresa (Christian Gebara, presidente; David Friera, diretor financeiro; e Breno Pacheco, diretor jurídico), um recado: essa tão gigante empresa precisa respeitar a clientela, como uma das contrapartidas à sua voracidade financeira.
Cabe também lembrar à Anatel - como agência reguladora - que uma de suas obrigações estatutárias é "regular e fiscalizar o setor de telecomunicações para contribuir com o desenvolvimento do Brasil". Em relação à defesa e proteção dos direitos dos usuários, a Anatel e a Vivo estão parelhas em notas baixas.
Viagem definitiva
Morreu na terça-feira, aos 93 de idade, Eugênio Machado, ex-titular no RS da Exprinter Viagens, Câmbio e Turismo. Teve uma vida plena, foi competente na sua área, prestava atendimento pessoal a todos os clientes. Ele dizia que "não trabalhava, mas se divertia no convívio com os múltiplos e imprescindíveis amigos".
Certamente está dando tudo certo nesta sua viagem definitiva ao Jardim do Eden. Ali ele reencontrará Julinha, a esposa que se foi prematuramente há uma década.
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