sábado, 5 de novembro de 2011



05 de novembro de 2011 | N° 16877
DAVID COIMBRA


De Moby Dick a Zinedine Zidane

Falando de letras, já que estamos em tempos de Feira do Livro, até hesito no momento de escrever “falando”, pois no jornalismo inventaram uma regra que diz não ser recomendável abrir um texto com gerúndio, inclusive os puristas alegam que no Além-Mar os portugueses da Pátria-Mãe não usam gerúndio, logo, não poderia abrir com “falando”, mas eu aqui acho que posso abrir um texto como bem entender, desde que seja bem aberto, com elegância e graça, então, abro este texto com gerúndio, quer ver?

Falando de letras, vou recomendar sete livros que você tem de adquirir agora na Feira do Livro, se já não os adquiriu. Não digo que sejam os melhores livros que li, nem os mais importantes, porque, já escrevi a respeito, não acredito nisso de o melhor ou o maior ou o mais-mais, com uma única exceção, uma exceção sobre a qual falarei daqui a pouco, a alguns parágrafos. Esses sete livros, eu os considero importantes porque aprendi muito com eles. Ei-los:

1. Moby Dick - Melville.

2. Billy Bathgate - Doctorow.

3. Um Conto de Duas Cidades - Dickens.

4. Bonequinha de Luxo - Capote.

5. Espere a Primavera, Bandini - Fante

6. Luna Caliente - Mempo Giardinelli

7. Robinson Crusoé - Dafoe

Não necessariamente nessa ordem. São grandes livros, cada qual com sua característica. Tipo:

Moby Dick é um clássico, tem tudo o que um romance imortal deve ter. É como se fosse um Zidane.

Billy Bathagate é insinuante e cheio de negaças. Como um Romário.

Um Conto de Duas Cidades é ágil e, ao mesmo tempo, classudo. Um Zico.

Bonequinha de Luxo é, como diria o próprio Capote, flexível e resistente como uma rede de pescar. Feito um Ronaldinho.

Espere a Primavera, Bandini é emocionante, como emocionante foi a trajetória de Ronaldo Nazario.

Luna Caliente é a própria malícia. Tal qual era Maradona.

Robinson Crusoé é aventuroso e cheio de boas soluções, como era Paulo César Caju.

Esses sete jogadores são alguns dos mais espetaculares que vi em campo, tanto quanto aqueles livros são alguns dos mais espetaculares que li. Houve outros: Renato Portaluppi, Falcão, Rivaldo, Xavi, Crime e Castigo, O Nariz, Engraçadinha, Meninão do Caixote... Não sei exatamente quais seriam os melhores que vi em campo ou os melhores que li.

Sei quem foi O Melhor, o que contraria todas as minhas teses de que não existe O Melhor, mas talvez ele seja uma referência infantil, um mil-folhas da memória.

Ele é O Melhor porque lembro de façanhas que nunca mais vi alguém cometer, como a falta cobrada contra a Alemanha Oriental em 74: Jairzinho se abaixa no meio da barreira e ele manda o tiro ali, exatamente ali naquele vão improvável. Nunca, jamais, em tempo algum alguém fez parecido. O Melhor de Todos, para mim, foi Roberto Rivellino.

E falo de Roberto Rivellino porque cada vez que vejo a camisa deste time que vai enfrentar o Inter no domingo, o Fluminense, cada vez que vejo aquela camisa listrada lembro de Roberto Rivellino.

Que livro seria Roberto Rivellino? Ele era tão bom que está acima da literatura. Era, talvez, O Melhor livro sobre literatura: “História da Literatura Ocidental”, de Otto Maria Carpeaux. Completo, de técnica apurada, perfeito na forma e no conteúdo. Esse era Roberto Rivellino.

Escurinho

Não sei se Escurinho foi o maior cabeceador do futebol gaúcho. Houve outros ótimos antes e depois dele: Neca, Jardel, Bodinho, Fernandão, Dario, mais os zagueirões tipo Oderdã e Figueroa.

Não sei, pois, se Escurinho foi melhor do que eles.

Mas sei que ele não encontraria biógrafo melhor do que o Jones Lopes da Silva, jornalista criterioso e dedicado, que, nessa segunda, lançará, na Feira, “No Último Minuto”, a partir das 19h30min, na Praça da Alfândega.





Um trem


Quem vai à Praça na segunda para ver o Jones bem pode ir um pouquinho mais cedo a fim de encontrar o degas aqui.

O lançamento do meu livro, “Um Trem Para a Suíça”, será uma hora antes, às 18h30min. Espero todos lá.





david.coimbra@zerohora.com.br

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