sábado, 5 de novembro de 2011



05 de novembro de 2011 | N° 16877
PAULO SANT’ANA


Alerta geral

Eu vejo todo mundo se preocupando com a questão da saúde pública e acho muito saudável isso.

Lembro-me de que algum tempo atrás a precariedade dos serviços públicos de saúde era desconhecida pelos setores responsáveis. Entre eles, a imprensa.

Eu chegava a me desesperar por não ver por parte da sociedade uma enérgica preocupação com a Saúde. E insistia nesta coluna, chatamente, com a ausência dos leitos vagos nos hospitais e com o achatamento das emergências nos nossos principais estabelecimentos de recepção dos doentes.

Mas agora noto em toda a sociedade, nos meios governamentais e na imprensa um profundo interesse pelos serviços de saúde, o que considero saudável, pois cheguei quase a ser ridículo quando alertava todos os dias para essa grave crise nacional.

Ontem, por exemplo, ouvi no programa Atualidade o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, discorrer sobre o plano de Academias Nacionais de Saúde, que está lançando, uma importante medida para prevenir as doenças. E até surgiu a notícia de que o município de Osório mantém já há tempo um programa de exercitamento físico da população, tendo destinado para isso inúmeros preparadores físicos que se esmeram em exercitar pessoas que não têm recursos para custear personal trainers. Que bela medida!

O ministro da Saúde também anunciou um plano para revigoramento das emergências e urgências nos hospitais, fixando-se principalmente no Grupo Hospitalar Conceição, este gigante do atendimento público de saúde entre nós.

O Hospital Conceição granjeou fama entre nós por não recusar doentes. Muitas vezes, os empilha em seu interior, mas não os recusa. Isso é fantástico, isso é uma espécie de garantia que os doentes têm de que serão atendidos no Conceição, pode demorar, mas serão atendidos. É a maior de nossas emergências e ali naquele local é que se pode ter uma ideia do que padecem os nossos doentes para obter atendimento.

Mas eu só serei um cidadão tranquilo em matéria de Saúde no dia em que o governo extinguir as filas das consultas e das cirurgias do SUS.

Nunca me conformarei que, para obter uma consulta, uma pessoa tenha de esperar meses, às vezes até dois anos.

Nunca me conformarei que para obter uma cirurgia os doentes tenham de esperar anos na fila, vendo agravar-se seu estado, no caminho da morte ou da mutilação.

Peço desculpas a meus leitores por me ter tornado maçante a respeito desse assunto, em minha coluna, através desses anos todos.

É que, sabendo da importância do espaço que ocupo há tantos e tantos anos neste jornal, enveredei por este caminho de conscientização da opinião pública e das autoridades para a questão da Saúde e vejo agora que o desinteresse geral que havia se transformou em alerta público total, o que só pode resultar em progressos visíveis no setor.

Fui chato, mas agora já começa a valer a pena.

Felizmente, me ocorreu essa previsão.

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