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quinta-feira, 3 de novembro de 2011
03 de novembro de 2011 | N° 16875
PAULO SANT’ANA
Lula no SUS
Foi impressionante o retorno dos leitores ao assunto que abordei sobre as minhas unhas encravadas nos dedões dos pés.
Todo mundo indicando podólogas para mim, gente em chusma me transmitindo ensinamentos sobre como devo eu mesmo proceder para tomar medidas que previnam o encravamento, usando calços de algodão etc.
Curioso esse interesse pelas minhas unhas, mas me ficou desse caudal de mensagens que me mandaram a certeza de que unhas encravadas são um mal de inúmeras pessoas.
E a gente fica achando que as coisas só acontecem conosco.
Uma pista leve para neurologistas ou otorrinos que possam vir a se interessar pelas tonturas que sofro constantemente há três anos e meio: elas talvez tenham a ver com a minha questão postural, pois, depois de mudar a posição de meu corpo entre um e outro exercício físico, se agrava a minha tontura.
Mas permaneço incrivelmente tonto há quase quatro anos sem encontrar diagnóstico.
Já fiz de tudo, já consultei vários médicos, já tomei talvez todos os remédios para tontura que se conhece e... nada.
Alguns médicos me perguntam como se manifesta a minha tontura. É difícil defini-la, mas eu a interpreto como uma vaguidão. Ela não se verifica em círculos na cabeça (vertigens) como as tonturas mais comuns de labirinto, mas poderia ser melhor definida assim: parece que estou bêbado sem ter ingerido sequer uma gota de álcool.
Alguns leitores escrevem para o jornal dizendo que o Lula tinha de tratar seu câncer pelo SUS. Acho isso um equívoco, cada pessoa tem o direito de se tratar de acordo com suas possibilidades.
Mas se o Lula quisesse ser demagogo e escolhesse ser atendido pelo SUS, já pensaram que tipo de grande encrenca estaria formado?
Logo se diria que o Lula estava tendo privilégios no SUS, que o atendimento que estavam lhe prestando era excepcional, que ele não estava observando as filas características etc.
E a verdade é que o SUS tem equipamentos e médicos iguais aos existentes na esfera particular. O problema do SUS é outro, é o excesso de demanda, o que implica atraso, procrastinações, longas esperas.
Ora, querer, como querem alguns leitores, que o Lula entre na fila do SUS e se submeta ali às desvantagens de nível setorial, é uma maldade.
O que as pessoas que fazem isso pretendem, na verdade, é chegar a uma idealização impossível: que todos os brasileiros, ricos e pobres, sejam atendidos por uma só esfera, pensam que todos os brasileiros tinham de ser atendidos pelo SUS ou então todos atendidos por médicos particulares.
Essa idealização tromba com um fato originalmente curioso: ninguém é igual, todos somos diferentes. Por sinal, foi esse o grande empecilho ideológico que derrotou o socialismo.
O comunismo pregava a igualdade, mas ele fracassou quando se soube que as pessoas não são iguais, elas se diferenciam em natureza, em postura, em potencialidades.
E tem atrás disso muita gente que é atendida em saúde por convênio, ou paga pelo atendimento particular, que escreve sacanamente para os jornais dizendo que o Lula tinha de ser atendido pelo SUS.
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