Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
03 de novembro de 2011 | N° 16875
L. F. VERISSIMO
“Pas nique”
Era inevitável que as trapalhadas do Dominique Strauss-Kahn em Nova York virassem peça de teatro em Paris. Em Paris, há uma oferta permanente de teatro para todos os gostos, do clássico ao escrachado, e era na tradição francesa da comédia de ocasião que anunciavam a estreia, dali a dias, de uma peça intitulada Pas nique au Sofitel.
Sofitel, sabem todos, é o nome do hotel em que Strauss-Kahn teria tido relações sexuais, consentidas ou não, com a camareira da Guiné, que o denunciou à polícia, deflagrando a confusão que manteve o então chefe do FMI em Nova York até decidirem que a moça não era confiável. “Pas nique”, pronunciado como uma palavra só, significava “pânico”. Separadas, as duas palavras queriam dizer “nada de nique”.
E “nique”, segundo o dicionário, é um gesto ou manifestação de desprezo, mas segundo alguns amigos franceses é uma gíria para o ato sexual. A tradução do título seria, então, “nada de nique no Sofitel”. “Nique”, além dos seus outros significados, também aludia ao nome do próprio e priápico monsieur Dominique.
No anúncio da peça que saiu dias depois, o título estava modificado, obviamente devido a protestos da organização Sofitel, uma respeitada rede mundial de hotéis de luxo que preferia não ser lembrada do episódio e muito menos ser o cenário, noite após noite, de uma farsa nada respeitosa.
De acordo com o novo anúncio, o título da peça agora era Pas nique au Showfitel.
Pode-se imaginar a reação do pessoal do Sofitel. “Showfitel” era pior do que o original. Mexia com o próprio nome, além da reputação, da cadeia. Era um trocadilho baixo e ofensivo, e inaceitável. A data da estreia se aproximava e o Sofitel, presume-se, ameaçava processar os produtores, para evitar o uso do seu nome, com ou sem trocadilhos, na publicidade da peça.
O curioso é que nada dessa luta de, literalmente, bastidores saiu na imprensa francesa. Quem acompanhou as sucessivas alterações no título deduziu o que estava acontecendo, mas nada vazou para o público. As discussões, as ameaças etc. foram acompanhadas em segunda mão, cada novo título anunciado servindo como um breve boletim de uma guerra longínqua. A peça estreou, finalmente. Não sei como está indo.
Ah, o título ficou Pas nique au FMI. Supostamente porque o FMI está tão acostumado a ser criticado e gozado que nem se importa mais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário