terça-feira, 1 de novembro de 2011



01 de novembro de 2011 | N° 16873
PAULO SANT’ANA


O port-a-cath

O aparelho que o ex-presidente Lula da Silva teve implantado ontem no seu tórax é o mesmo que tenho implantado no meu tórax há meses, desde que fiz cirurgia para extirpação de câncer na faringe.

O nome dessa engenhoca que tenho instalada em mim, 10 centímetros acima do mamilo esquerdo, é port-a-cath. É uma plataforma subcutânea que os médicos implantam nos pacientes para passar por ali toda a carga de quimioterapia necessária, durante dias ou meses, sem a necessidade cruciante de ficarem picando as veias do braço constantemente.

Só injetam nessa plataforma as substâncias quimioterápicas. O paciente vê então diminuído mais um incômodo do tratamento.

Em mim, a geringonça foi implantada quando me fizeram a cirurgia do câncer. Supondo que eu tivesse de fazer quimioterapia depois da biópsia, introduziram-me a tralha para aproveitar a anestesia geral.

A questão é a seguinte: não precisei do port-a-cath, ando com ele dependurado em meu peito. E, como precisa de nova anestesia geral para tirar dali o trambolho, já decidi que vou fazê-lo muito em breve, isto é, na minha próxima cirurgia. É só uma questão de tempo.

O câncer apresentado por Lula é o mesmo ou muito parecido com o que teve, meses atrás, o jornalista Mário Marcos de Souza, que trabalhava aqui em Zero Hora.

Quando ficou doente, Mário pediu-me que indicasse a ele o médico respectivo. Encaminhei-o ao mestre de cabeça e pescoço entre nós, Nédio Steffen, que por sinal foi quem operou meu câncer.

O cirurgião que indiquei ao Mário decidiu na hora retirar o tumor dele por cirurgia.

Leio que anteontem os médicos de Lula titubearam entre submeter o ex-presidente Lula a uma cirurgia ou proceder à quimioterapia, decidindo finalmente pela última hipótese, com receio de que a cirurgia redundasse em perda da voz em Lula. Já pensaram o Lula sem voz? A Dilma teria de ser reeleita.

A diferença, portanto, entre os médicos de Lula e o médico que me opera ou que eu indico é que o Mário Marcos de Souza, logo depois de operado por meu médico, transformou-se de repórter de jornal (ZH) em comentarista da Sport TV, coisa que ele nunca tinha sido antes, ou seja, melhorou a voz.

A vitória do Grêmio domingo, sobre o Flamengo, foi na Tarde dos Quatro V: vitória, virada, vaia e vingança.

Ronaldinho e Assis não têm ideia do dano moral que causaram a nós, gremistas.

Mas pior teria sido se, depois de nos terem ultrajado duas vezes, quando o craque abandonou o Grêmio e depois, quando prometeu que voltaria ao Olímpico, tivessem ganho de nós o jogo de anteontem.

Estamos parcialmente vingados.

paulo.santana@zerohora.com.br

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