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sábado, 30 de abril de 2011
30 de abril de 2011 | N° 16686
PAULO SANT’ANA
Nova Lei da Abolição
Eu sou ferreamente convicto de que existe preconceito racial no Brasil.
Tem mais: penso que é violento o preconceito racial no Brasil. Atinge em cheio a população negra nacional.
Sendo assim, a única forma de os negros não serem discriminados é a de se cruzarem com brancos.
Se uma mulher negra casa com um branco, está decretada a mestiçagem e o filho do casal não será discriminado como negro.
Se isso é verdade, os negros que não se cruzam com os brancos estão condenados, perpétua ou eternamente, à discriminação. Não escaparão da cor da sua pele e nunca deixarão de ser considerados inferiores pela sociedade.
Ou seja, os negros são também discriminados por terem optado pela pureza racial.
***
Eu sei que as leis de cotas raciais são “antidemocráticas”. Por elas, um negro pode obter uma vaga na universidade atingindo no vestibular notas inferiores às de um branco que por isso, ocasionalmente, venha a ser barrado.
Ainda assim, sou favorável às leis de cotas. Porque só vindo a mudar urgentemente o quadro dramático de inserção dos negros na sociedade é que se pode aos poucos avançar no ideal da igualdade.
Se não for assim por medidas radicais, como são as leis das cotas, séculos e séculos de rebaixamento dos negros não serão vingados nos quadros sociais e permanecerá para todo o sempre o desfavor dos negros.
Quem acha que os negros concorrem em condições iguais às dos brancos no mercado de trabalho deveria ter lido a notícia que vem lá do Rio de Janeiro: a Educafro, ONG de frei David dos Santos, promete para as datas em torno de 1º de maio, “ocupações pacíficas” nas Lojas Americanas.
Entre os objetivos das ocupações estão o preenchimento por negros de mais cargos de chefia nas Lojas Americanas e de que pelo menos 20% das bonecas à venda e expostas nas lojas sejam negras.
Que gozado, eu nunca tinha notado que entre as dezenas de tipos de bonecas Barbie poucas eram negras.
E nesse particular deve ser elogiada profundamente a política racial atualmente imposta na Rede Globo: na maioria de suas novelas, de profundo apelo popular, grande parte dos galãs e heroínas é interpretada por negros.
A coisa mais natural numa novela da Globo é um negro fazer par romântico com uma branca.
E há casos em que um personagem negro é disputado arduamente por duas ou três brancas.
Admirável integração! E visivelmente os negros são colocados de propósito nas novelas, visando a ressarcir o processo histórico de domínio sólido dos brancos nos elencos das novelas.
Nem tudo está perdido. Há de vir o dia em que no meu país os negros sejam em tudo iguais aos brancos.
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