terça-feira, 26 de abril de 2011



26 de abril de 2011 | N° 16682
PAULO SANT’ANA


Ondas de coletivos

O mais belo de todos os coletivos é cáfila, que quer dizer uma reunião de camelos.

O mais feio de todos os coletivos é choldra, que é uma reunião de bandidos, malfeitores.

Eu pensei que o coletivo de lobos fosse matilha, mas fui saber que é alcateia.

Mas como é que eu ia saber que o coletivo de jornais e revistas é hemeroteca?

Já para gafanhotos, existe um coletivo de bons gafanhotos, que é nuvem, mas existe o de maus gafanhotos, que é praga.

E, se as aves estão pousadas no chão ou em árvores, o seu coletivo é bando, mas, se estão voando, é revoada.

Já o coletivo de bruxas é curiosíssimo: conciliábulo. Eu pensei que conciliábulo fosse qualquer reunião de qualquer tipo de pessoas, com assunto interessante, de preferência secreto, para discutir.

E por que será que ninhada tanto é coletivo de camundongos quanto de pintos?

E o coletivo de gente, que pode ser tanto multidão quanto mole?

Eu sempre ouvi a expressão “uma mole humana”, que só agora vejo que é errada, pois se é mole só pode ser referente à criatura humana, não existe a expressão “mole animal”.

É mole?

Se é, é humana.

No javali, por exemplo, nada, absolutamente nada é mole.

Tanto que o intercurso (tempo de duração do ato sexual) no javali é de 16 horas. Sem intervalo para um cigarro ou Coca-Cola.

Existem alguns coletivos que são pura bobagem: como, por exemplo, o coletivo “moita” é relativo a bambus.

Ora, “moita” é todo conglomerado de galhos de árvores ou arbustos no campo ou na selva.

Não há que servir moita só para os bambus.

Eu conhecia como coletivo de bambus o bambuzal.

Já baixela não serve só para talheres ou louças, é empregado com quaisquer objetos com que se serve ou enfeita a mesa.

Já a palavra “bandos”, noto que pode ser aplicada para jornalistas, parlamentares, aves, ladrões, motoqueiros, policiais, isto é, “bando” é coletivo de quaisquer seres vivos.

Cardume é coletivo de peixe, vara é de porcos, prole é de filhos, batelada é de arroz.

O mais curioso coletivo que conheço é o de bugios: capela.

Uma capela de bugios. Vivendo e aprendendo...

E, finalmente, “coletivo” é coletivo de passageiros.

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