sábado, 23 de abril de 2011



23 de abril de 2011 | N° 16679
PAULO SANT’ANA


O chato palatável

No trânsito de Porto Alegre, está difícil e perigoso dirigir até sem beber.

Foi tanta a repercussão de minha frase de anteontem na coluna, que até as platinelas dos pandeiros retiniram: “Em Porto Alegre até as motos estão engarrafando”.

E eu, que não bebo e muita gente me considera um bêbado. Só bebo em uma única ocasião: quando todas as rodas em que me embarafusto numa festa estão repletas de chatos.

O chato só é palatável quando estamos embriagados.

Eram tão rígidos os seios daquela mulher, que, dançando com ela, eu sentia bicadas de pombas marmóreas.

A única pista para a origem do joanete nas mulheres é que é invulgar o joanete nos homens, talvez porque eles não usem saltos altos.

Sempre me intrigou na medicina legal uma expressão usada nos laudos de conjunção carnal: hímen complacente.

Diz-se do hímen que é elástico, que, forçado, se abre, mas depois da penetração volta ao seu lugar de origem.

O hímen complacente é, portanto, uma película flexível, maleável, isto é, penetrável. Porém, logo em seguida, volta a seu lugar e recupera a dignidade.

Calculo que seja muito difícil para a medicina legal chamar de virgens as mulheres que possuem himens complacentes.

O médico otorrino Sady Selaimen da Costa afirma que a surdez é muito mais grave que a cegueira.

Porque a cegueira separa o cego somente das coisas, enquanto a surdez afasta os surdos das pessoas.

Custaram-me três dias fazer esta frase: o urso panda, como os maridos, só se reproduz em cativeiro.

Quando a gente insinua a uma esposa que seu marido pode andar a traí-la, ela responde: “Ele é dono de suas atitudes e sabe muito bem o que faz”.

Quando, no entanto, a gente assegura a uma esposa que seu marido não a trai, ela responde: “Ele nada mais está fazendo do que bom uso de sua liberdade”.

Acontece o seguinte: na Rua Câncio Gomes, quem vem do Centro pela Cristóvão Colombo, dobra à direita, existem dois bares musicais que estão entre os melhores da cidade, o Bar do César e o Marrocos.

Um juntinho do outro, música popular brasileira, samba, seresta, música romântica, tudo da melhor qualidade.

Eles sucedem a vários grandes músicos gaúchos, ao vivo. Além disso, servem petiscos e pratos, são ambientes muito acolhedores.

Como os músicos gaúchos lutam com dificuldades, os donos de casas noturnas também, estou aconselhando meus leitores a passarem horas deliciosas nesses dois locais.

Vão que é bão.

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