sexta-feira, 29 de abril de 2011


Jaime Cimenti

Narrativa de um amor perturbador

Hotel Íris, romance da várias vezes premiada escritora japonesa Yoko Ogawa, nascida em Okayama em 1962 e autora de mais de 20 romances lançados desde 1988 é, acima de tudo, a narrativa de um amor perturbador, envolvendo uma jovem belíssima, filha da dona de um pequeno hotel, localizado numa cidade costeira, e um homem mais velho, arrogante, tradutor de romances russos e com passado complicado.

Yoko Ogawa recebeu prêmios por seus romances, traduzidos para inúmeros idiomas e adaptados para o cinema, e se notabilizou por conseguir expressar os mais obscuros pensamentos através do estudo exaustivo de suas personagens, especialmente mulheres.

Hotel Íris é dos seus livros mais conhecidos e certamente um dos mais sexualmente ousados, o que garantiu à autora uma posição de destaque na literatura contemporânea.

Mari, a protagonista, uma jovem de 17 anos que trabalha quase em tempo integral no hotel, conhece um senhor que mora em uma ilha próxima e é cercado de rumores sobre ter matado a própria esposa. Ela se apaixona por ele, mesmo depois de um incidente envolvendo o homem e uma prostituta, no hotelzinho, num dia de baixa temporada.

A prostituta saiu do apartamento aos gritos, depois de insultada pelo homem distinto, elegante e violento, tirando a paz de Mari, que estava na silenciosa e calma recepção. Fascinada pela arrogância daquele homem misterioso, que foi conhecer realmente dias depois, Mari entra de cabeça numa trajetória de grande desejo, acompanhada de dor e sofrimento.

Ela vive com o velho tradutor solitário um amor sem limites, no qual o corpo está muito longe de ser apenas uma brincadeira. Como se vê, mesmo com o sopro do novo, a autora insere-se na melhor tradição romanesca japonesa, onde os sentimentos e as narrativas são trabalhados ao extremo, onde as aventuras corporais e amorosas atingem níveis insólitos.

Qual a necessidade humana que leva uma jovem linda a suportar tudo, com um homem bem mais velho e sádico? O que levava Mari a procurar o seu algoz dia após dia, mesmo sabendo de seus desvios e de seu passado suspeito?

Isso e mais os leitores vão tentar decifrar, enquanto assistem às peripécias da delicada jovem. Leya, 206 páginas, tradução do francês de Marly Peres - www.leya.com.

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