sexta-feira, 8 de abril de 2011


Jaime Cimenti

Cultura, mercado, cidadão e governo

As relações entre a cultura, o mercado e o governo são complexas e, desde os tempos dos faraós, cultura, dinheiro, impostos e poder político se embolam ao sabor do momento, de vaidades, aspectos religiosos, partidários, ideológicos e outros. Em nosso Brasil, as Leis Sarney e Rouanet, no plano federal, trouxeram grandes mudanças no comportamento e na cultura.

O Ministério da Cultura (MinC) iniciou no dia 7 de abril deste mês, em Belo Horizonte, uma série de oito encontros regionais, com diversos segmentos, denominada Encontros rumo à cidadania cultural.

O objetivo é a discussão de políticas públicas no campo da cidadania e da diversidade. O MinC quer ampliar o diálogo, com fóruns e dirigentes culturais dos estados e municípios brasileiros. Em Porto Alegre o encontro será dia 20 de abril próximo.

Tomara que sejam bem proveitosos os encontros e que a gente consiga tirar, ao menos um pouco, o poder enorme que os departamentos de marketing das grandes empresas têm na definição da política cultural no Brasil, especialmente via Lei Rouanet. Hoje em dia é quase tudo via Lei Rouanet. O caso do patrocínio de R$ 1,3 milhão para o blog de divulgação de poesias da Maria Bethânia, por exemplo, faz pensar.

E muito. Ana Hollanda, ministra da cultura, deu entrevista para O Estado de S. Paulo, fez um balanço de seus primeiros três meses, falou que o caso Bethânia é uma tempestade em copo d’água, comentou aspectos de direito autoral e falou de ideias sobre política cultural.

Ao menos nos últimos tempos o Ministério da Cultura, embora sempre com orçamento minguado, tem mais visibilidade. Sem interferir e sem ser autoritário, ao menos demais, na reflexão, no debate e na produção cultural, o Estado deve, sim, incentivar as expressões culturais, com leis e outros instrumentos.

Deve fomentar, especialmente, as manifestações mais nacionais, profundas e verdadeiras e que tantas vezes perdem espaço para projetos que consomem milhões, envolvendo interesses de poucos e conteúdos culturais que carecem de relação maior com o Brasil e com os brasileiros.

Embora a gente viva num mundo globalizado e dominado por grandes forças econômicas planetárias, sempre é bom e essencial pensar em liberdade, criação, democracia e possibilidades para todos os mais diversos humanos se expressarem de modo a quebrarem limites e levarem a novos e bons caminhos.

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