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quinta-feira, 21 de abril de 2011
21 de abril de 2011 | N° 16677
PAULO SANT’ANA
Auge do engarrafamento
Eram apenas 16h30min e Porto Alegre já estava engarrafada. Saí do Iguatemi com destino à Zero Hora, uns 10 quilômetros, calculei que com aquele engarrafamento iria gastar quatro litros de gasolina no percurso. Dilma Rousseff decepcionou-me ao aumentar o preço dos combustíveis em 20%, uma tacada que nos Estados Unidos serviria para uma insurreição popular.
Não posso evitar a Nilo Peçanha, sou obrigado a perfilar-me no engarrafamento.
Evito a Vicente da Fontoura, na esperança de que a Protásio Alves estivesse fluida. Nada disso, tranqueira total.
Ligo o primeiro CD da lista no carro para diminuir minha impaciência. Estoura nos meus ouvidos o tango de Roberto Goyeneche:
Malena canta el tango
Como ninguna
Y en cada verso pone su corazón
Al yuyo del suburbio su voz perfuma
Malena tiene pena de bandoneón.
Na Protásio Alves, senti o dramático futuro do trânsito porto-alegrense: até as motos estavam engarrafadas.
Quando as motos engarrafam, preteou o olho da gateada.
Eu não quereria ser prefeito de Porto Alegre nos próximos 40 anos. Quem o for conhecerá as labaredas do Inferno.
Pois, se tivesse metrô desenvolvido na cidade, eu levaria 20 minutos para vir do Iguatemi à ZH. Assim engarrafado, eu levo 55 minutos e gasto o triplo de combustível no meu carro.
Um inferno.
Quem me lê aí no Interior e tem sonhos de vir para Porto Alegre, tire isso da cabeça. Se mora numa cidade interiorana, trate de se mudar para um distrito, senão o engarrafamento da sua cidade vai atingi-lo, seja em Fontoura Xavier ou Catuípe.
Estou levando mais tempo de minha casa ao jornal do que levaria de Guaporé a Passo Fundo, de São Gabriel a Rosário do Sul, de Caxias a Gramado.
O engarrafamento é o fim de todos os sonhos de mobilização e mobilidade.
E o engarrafamento é tanto pior porque constitui uma ameaça para o futuro: será cada vez pior.
No fundo, o engarrafamento é uma irresponsabilidade trágica herdada de sucessivas administrações federais, estaduais e municipais, que descuidaram da fluidez das vias rodoviárias e foram permitindo que cada vez mais veículos sejam emplacados.
Um inferno! Leio que um presidiário comandava assaltos e assassinatos de dentro de um presídio de segurança máxima.
Ou presídio de corrupção máxima?
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