Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
13 de abril de 2011 | N° 16669
MARTHA MEDEIROS
Vulneráveis
O que mais me choca nestas tragédias como a que aconteceu na escola carioca é a constatação de que somos todos vulneráveis. O que ocorreu no Rio de Janeiro é repeteco de outras insanidades já cometidas e contra as quais nada podemos fazer (eu iria concluir com “apenas rezar”, mas é melhor deixar a religião fora disso: como dizia Saramago, “o mundo seria mais pacífico se fôssemos todos ateus”).
A qualquer momento, podemos cruzar o caminho de um maluco com uma arma, de alguém que nunca recebeu um olhar cuidadoso sobre ele, que foi deixado à deriva com seus delírios. Alguém que, neste abandono, se sente na incumbência de moralizar o mundo a seu modo, um demente que se sente predestinado, um pobre coitado que nunca teve razão para viver, nenhum neurônio em bom estado.
A qualquer momento, pode um sujeito transtornado, com muito fio solto na cabeça, se dar conta de que o mundo não lhe deu a devida atenção e decidir resgatar essa atenção na marra, arrasando com dezenas de vidas.
Não é do Brasil esse problema, é do mundo inteiro. Aconteceu também num shopping da Holanda dias atrás. Claro que atos extremos, como atirar a esmo contra pessoas indefesas, são exceções, mas há inúmeros delitos corriqueiros que também provocam ferimentos e mortes, e é isso que assusta: somos todos vulneráveis diante das esquizofrenias alheias.
Diante de homens e mulheres que sofrem de distúrbios mentais, que sofrem de falta de orientação e de amor em casa, que sofrem sem ter apoio profissional, sem ter ajuda de médicos, que sofrem suas psicopatias e que descontam em quem nada tem a ver com elas.
Se Wellington Menezes de Oliveira era um animal, como o definiu o governador do Rio, era um animal sem dono, sem adestrador, sem um ser humano que se responsabilizasse por sua selvageria latente.
Nunca estivemos tão à mercê de estressados, de desequilibrados. É uma sociedade doente, onde um motorista passa por cima de ciclistas num momento de impaciência, onde um marido espanca sua esposa por ciúme, onde uma mulher abandona um bebê num saco plástico e o joga no rio, onde um avô abusa sexualmente da neta, onde o valor à vida está cada vez minguando mais.
Não sei se é por causa da competitividade dos dias de hoje, se é por causa do grande número de famílias desestruturadas, se é pelo narcisismo crônico ou se por tudo isso, mas as cabeças estão mais alucinadas do que nunca foram, e isso é caso de saúde pública.
Não são poucos os portadores de sofrimentos psíquicos, e eles precisam não só de atenção e cuidado, como também de tratamento para amenizar sua dor interna e assim não colocar a sociedade em risco. Só os que sofrem é que fazem os outros sofrerem.
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